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COLUNAS • 21/10/2024 às 04:02

O prêmio maior, a Vida!

Abordando as Coisas da Vida

O  prêmio maior, a Vida!

Foi assim que o porteiro José Carlos Dantas de Souza  exclamou quando  soube do desabamento do prédio onde morava havia  apenas três meses . Vindo da Paraíba, havia oito anos morava no Rio de Janeiro com a família.

Conta que morava na Rocinha sempre trabalhando muito com o  sonho de morar em uma casa própria. Pagou R$ 60 mil pelo apartamento e confessa que está pagando ainda. Mas seu sonho simplesmente acabou. O prédio onde morava e o do lado, os dois faziam parte do Condomínio Figueiras do Itanhangá, na comunidade Muzena, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro que, após chuvas terríveis de dias anteriores, desmoronaram.

 Porém, José Carlos diz ter mesmo muita sorte. Naquela quinta-feira última, sua mulher e filha resolveram dormir em seu quartinho, porque havia muita lama lá na  Muzema. De manhã, soube através de um amigo que o prédio onde morava tinha desabado, para seu desespero e da sua mulher e filha.

Conta também que tinha comprado seu apartamento ainda “no tijolo” e que tinha mobiliado com tudo lá dentro e assim outras onze famílias. Mas acha que foi melhor do que ter ganhado na Loto.  Seu prêmio maior foi estar vivo, “o prêmio maior – a Vida !  Graças a Deus minha filha não estava lá nem minha mulher. Bens materiais a gente vê depois.”

Que mensagem de vida, cheia de sabedoria, esse simples porteiro transmitiu para o repórter e para todos nós, leitores anônimos de um jornal.

Até quando, é forçoso  iremos presenciar e sofrer com tantas calamidades e tragédias que ultimamente fazem parte do nosso cotidiano.

São interrogações que nos deixam sem respostas, indignados, nos deixam perplexos. Palavras de nada resolvem. Precisamos de obras, de respeito às leis, de uma justiça imediata, rápida, de uma Educação que chegue a todos, indistintamente, de uma Saúde e Segurança que se façam presentes em qualquer lugar que estejamos por este nosso Brasil afora.

Temos ainda milhões de analfabetos (11,8 milhões, segundo IBGE) e milhões de analfabetos funcionais (38 milhões) que, por falta de oportunidades as mais diversas, deixam-se enganar,  como aconteceu com o sr. José Carlos, porteiro, migrante do nordeste brasileiro em busca de uma vida melhor; morador de um prédio interditado pela Defesa Civil,  que foi construído irregularmente ,juntamente com mais cinco prédios  que , após decisões da Defesa Civil, serão demolidos.

Uma tristeza que temos que repudiar com investigações sérias. Já foram identificados dezesseis mortos e há outros ainda nos destroços. Afinal está difícil descobrir quem são os construtores e engenheiros que ludibriaram trabalhadores que sonhavam com a casa própria e agora simplesmente perderam tudo.  São os milicianos da comunidade, dizem alguns moradores cheios de medo.

Temos mesmo que repudiar com veemência exigindo ações concretas de políticas públicas que sejam administradas por profissionais honestos e competentes e na prisão de grupos criminosos.

Entretanto, temos que confessar o despreparo dos nossos governantes a fim de encontrar respostas para problema de tal complexidade.

Enfim, só nos resta agradecer a Deus por este nosso país que luta para vencer milhares de problemas em busca de reformas possíveis e, reconheçamos,  torcemos a cada dia  para que  se fortaleça  a esperança de dias melhores,  dentro de cada um de nós, para o desenvolvimento desta nossa democracia ainda  frágil e injusta.

 

       Wilma M. Coronado  Antunes




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