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ARTIGO • 20/10/2024 às 22:35

Equilíbrio financeiro exige mapeamento orçamentário

Também reavaliação do padrão de vida e cortes seletivos de gastos.

Equilíbrio financeiro exige mapeamento orçamentário

Com distanciamento social e home office lista de cortes de despesas pessoais cresce e, sem a necessidade de deslocamento constante, a mudança de imóvel surge como alternativa viável contra a alta do aluguel



A crise econômica provocada pela pandemia e seus impactos sobre o orçamento doméstico e das organizações revelaram a necessidade de revisão de planos para sustentabilidade das finanças pessoais e empresariais. Segundo Ana Rosa Vilches, diretora de projetos corporativos da DSOP Educação Financeira, quando surgiram os primeiros casos da Covid-19 muitas empresas com recursos disponíveis para 6 a 8 meses entendiam que estavam bem posicionadas. A instabilidade prolongada mostrou que, mesmo em situação favorável, não pode haver acomodação. "Temos sempre que analisar a situação, compreendê-la e partir para a ação, apesar das reservas", recomenda a especialista.

A educadora, responsável pela coordenação dos cursos e palestras oferecidos pelo programa "Conta Comigo" aos participantes dos planos da Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom), assinala que as ferramentas de educação financeira, neste período de incerteza, assumiram um papel estratégico e se tornaram parte de treinamentos corporativos, programas de benefícios e iniciativas voltadas a colaboradores e clientes.

As mudanças impostas pela crise sanitária, além das alterações no ambiente de trabalho, agiram também sobre a disciplina financeira das pessoas físicas. No caso dos servidores, a formação de uma poupança permanente, voltada para a segurança, manutenção do padrão de vida na aposentadoria e realização de objetivos individuais ou familiares devem ser equacionadas ante possíveis demandas emergenciais de curto prazo.

Mapa orçamentário

O mapeamento orçamentário é o primeiro passo. "É preciso fazer este diagnóstico porque tenho o sonho de me sustentar e realizar as coisas que eu quero", afirma Vilches. Esta análise é importante para os funcionários públicos que estão expostos a uma oferta de crédito elevada, com valores maiores e juros menores, pela garantia da estabilidade. O risco de endividamento fora de controle é considerável principalmente se ocorrer um comprometimento eventual da renda familiar. Se não mudarem o padrão, entram em um ciclo de aumento de empréstimos consignados.

Na avaliação da educadora da DSOP, a economia para o futuro não precisa sair do planejamento mesmo se ocorrer diminuição ocasional de receita doméstica. "Se tiver uma redução do padrão de vida em 30%, reduza o que estiver guardando para a reserva estratégica na mesma proporção e aumente o equivalente em tempo".

Um componente importante da crise é que, em uma fase de ajuste, fica mais fácil dizer não a despesas desnecessárias. "É preciso mudar o modelo mental. As pessoas não erram porque querem, mas porque não criaram uma cultura financeira".

Redução de aluguel

Muitas oportunidades de economia decorrem do trabalho em regime home office, por exemplo. Sem a necessidade de deslocamento constante para o escritório, mudar para um bairro mais distante do local de trabalho pode garantir uma redução no valor do aluguel. As restrições da quarentena limitaram as possibilidades de efetuar refeições fora de casa e viabilizaram um corte adicional de gastos.

As compras de artigos de vestuário, serviços por assinatura, delivery de comida pronta, pacotes de celulares e despesas com água e luz podem ser reavaliadas e, em muitos casos, eliminadas com foco no equilíbrio das finanças. "Há sempre o risco das compras virtuais. A oferta cresceu e você pode adquirir itens que não precisa. As empresas descobriram até os nossos celulares", alerta a educadora financeira. A escolha de supermercados mais baratos além de evitar as marcas habituais, mais caras, e buscar alternativas similares também fazem diferença.

No processo de remodelagem do comportamento financeiro, há itens que não podem ser eliminados. Entre eles, Vilches destaca o estudo. "Isso não pode parar, ele move as pessoas, é um fator de transformação. A experiência e o conhecimento estão em primeiro lugar". Para a diretora da DSOP, o dinheiro é um meio. "É preciso definir quanto preciso imediatamente e quanto tenho de poupar. Se o cartão de crédito for bloqueado pode ser excelente. Não vai gastar no que não precisa, pode aprender a renegociar dívidas, elencar quais são as mais importantes, se organizar e melhorar a forma de cuidar dos recursos", pondera.
 




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