Dentre todas as notícias que tenho lido recentemente, especialmente sobre os andamentos da Covid em todos os lugares do mundo e a perspectiva de uma vacina vindo aí, a que mais me deixou perplexa não é a que fala de vida, mas sim da morte.
“Japão registra mais mortes por suicídio num mês do que por Covid-19 em todo o ano”.
A matéria, do final do último mês, traz dados assustadores. Em outubro registraram-se 2.153 mortes por suicídio e esse número confirma que o Japão tem uma das maiores taxas de suicídio do mundo. Essa constatação há dez anos seria diferente, mas a pandemia trouxe os principais fatores desencadeantes de doenças mentais – e essas, por sua vez, não se restringem somente aos asiáticos.
Desemprego, isolamento social e ansiedade vieram no “pacote” do Coronavírus, e ninguém estava preparado para tanto.
Assim como as ondas de crescimento da doença, os reflexos também vêm aos poucos, e são igualmente mortais. Primeiro nos deparamos com algo desconhecido. Depois com os surtos, o adoecimento em massa. Junte-se a isso a situação econômica, o desemprego, a fome, a falta de assistência do governo, as políticas despreparadas, inadequadas. E agora a onda desoladora dos traumas psíquicos, o desgaste das sociedades que só viam algo assim nos filmes de Hollywood.
2020 vai chegando ao fim e quantos não foram os fins desde ano? É urgente falarmos sobre a saúde mental. Não vamos ignorar que crianças, jovens e adultos estão há meses em casa esperando um inimigo invisível ir embora – e que tantos outros sequer tiveram esse privilégio.
É preciso falar, é preciso tratar e prevenir também a depressão, a ansiedade, o pânico e as doenças que não vemos, mas existem e que foram acentuadas neste ano. Não vamos negligenciar aquilo que somos em nossa essência, ainda que estejamos doentes.
Não vamos chegar a esse fim, porque há um outro, melhor, nos esperando para viver.
Por Inocência Manoel
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