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ARTIGO • 20/10/2024 às 15:12

Neste Dia das Mães

Abordando as Coisas da Vida.

Neste Dia das Mães

No Dia das Mães, lembro-me de uma mulher especial em minha vida. Até muitos anos atrás ainda estava junto de nós. Mas continua viva em nossa memória. Muito viva. Muito presente. Minha mãe! Porque suas marcas ficaram conosco. Sua presença marcante. De mulher nascida no início do século vinte, que tinha olhos no futuro e passos firmes no presente.

Teve oito filhos e passou grande parte da vida cuidando de todos eles. Viviam meu pai e ela em uma pequenina cidade onde não havia médicos e por vezes, em casos de doenças mais graves, ela pegava o trem da “Sorocabana” e chegava na Capital, com o filho nos braços, rumo ao médico que lhe haviam indicado. Corajosa, muito corajosa.

Acompanhava a todos os filhos nas tarefas escolares, apenas de longe, de maneira calma, mas severa. Ela e meu pai tinham um sonho que era estudar todos os filhos, dar-lhes um diploma, que reconheciam ser indispensável já naqueles meados do século vinte. E na luta diária do cotidiano, com falas, e conselhos, e exemplos, ora dizendo sim, ora dizendo não, conseguiram atingir a seus ideais que era dar estudo a cada um dos seus oito filhos.

Lembranças, muitas lembranças povoam nossa mente. E dá vontade de registrá-las no papel para que não sejam esquecidas e como gratidão a Deus por ter tido o privilégio de vivê-las. Como sou grata a Deus !

 Quando a minha filha Clarissa estava para nascer, numa tarde fria e chuvosa de julho, de repente toda respingada de chuva, com uma sombrinha nas mãos, minha mãe me chamou para que eu abrisse a porta e foi logo me dizendo “Filha, vim para ajudá-la a fazer a mala que você vai levar à maternidade...” Coração de mãe não se engana... Naquela madrugada nasceu a Clarissa.

Lembro-me ainda do seu sorriso quando chegávamos na sua casa na rua Campos Novos. Sentadinha numa poltrona, esquecida dos dias passados, tinha sempre palavras de agradecimento e aprendi com ela a não reclamar das intempéries do dia a dia.

Sinto ainda o cheiro da goiabada que fazia no tacho, dos pães e dos biscoitos de polvilho que saíam moreninhos do forno caipira, das pamonhas amarradinhas com as palhas do milho, um gosto de infância entre risos e carinhos da família numerosa.

Como nos faz bem nos lembrarmos das pequenas alegrias que insistem em permanecer dentro de nós, mesmo distantes no tempo, mesmo doloridas de saudade.

 E para concluir, deixo aqui os versos finais do poema “Para Sempre”, de Carlos Drummond de Andrade:

“ Mãe, na sua graça,

É eternidade.

Por que Deus se lembra

-mistério profundo-

De tirá-la um dia

Fosse eu Rei do Mundo,

Baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

Mãe ficará sempre

junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.”

 

Wilma M.Coronado Antunes

 




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