Aldeia de Avaí luta pela preservação da cultura indígena
'Quando a gente perde um senhor de idade da aldeia é como se tivesse perdido uma biblioteca inteira'
Apesar do avanço social e cultural, mais de 300 índios que vivem na aldeia Ekeruá, emAvaí (SP), trabalham na preservação de suas tradições. Os membros migraram do estado do Mato Grosso do Sul em 1932 e, a partir de então, o grupo se tornou reconhecido no Centro-Oeste Paulista.
Na aldeia são ministradas aulas ao grupo. Entretanto, a maior parte do tempo é tomada por atividades relacionadas à cultura indígena, como a agricultura. O cultivo da mandioca é a principal habilidade da tribo. No local, eles plantam praticamente tudo o que consomem.
“Atualmente a gente tem desenvolvido os trabalhos com a comunidade de modo que eles passam a trabalhar na aldeia. Assim, eles têm o seu sustento aqui mesmo. Então nós temos hoje uma entidade sem fins lucrativos, uma associação que desenvolve com uma parcela da aldeia, alguns trabalhadores da agricultura familiar no processamento da mandioca”, explica David Pereira, professor da aldeia.
A cultura indígena recebe atenção especial na escola que funciona dentro da aldeia. O contato entre os índios jovens e mais velhos é uma das táticas utilizadas por David Pereira para fazer com que a cultura permaneça ativa.
Quando a gente perde um senhor de idade da aldeia é como se tivesse perdido uma biblioteca inteira, porque é ali que estão nossas raízes, toda nossa história em si”
David Pereira, professor da Aldeia
“A escola desenvolve um trabalho de levar os alunos na casa dos mais velhos. É uma maneira de estar divulgando aquilo que eles promovem, aprendendo a praticar a oralidade e sempre tendo esse respeito com os mais velhos da comunidade”, diz. “A gente usa uma frase muito importante que é quando a gente perde um senhor de idade da aldeia. É como se tivesse perdido uma biblioteca inteira, porque é ali que estão nossas raízes, toda nossa história em si.”
Com o trabalho de preservação da cultura indígena, o dia do índio, comemorado no dia 19 de abril, tornou-se importante para os membros da tribo. Tradições e costumes são lembrados com carinho na data festiva. “É um lugar sagrado, porque índio tem que ter um espaço e um modo de vida, sem perder o nosso costume e sem perder também a nossa tradição. Agora chegou abril, essa data é sagrada e por isso nós estamos comemorando”, lembra o índio terena Mário de Camilo.
Segundo o cacique Jasoni de Camilo, os índios se orgulham em divulgar as tradições e mostrar os trabalhos desenvolvidos na aldeia. Em todo dia 19 de abril, são promovidas danças, rituais e produzidos artesanatos. “A gente sempre fica feliz quando chega esse dia. A gente reúne a comunidade e apresenta a nossa cultura.”
A data tornou-se um marco para os indígenas. “Como sou índio, eu me sinto alegre por ter essa data lembrando de nós, indígenas”, finaliza o índio Terena
Fonte e foto - G-1 TV Tem
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