Nascida em 6 de abril de 1933, Anna Maria Martinez Corrêa faleceu em 30 de agosto de 2023, no Hospital Sírio-Libanês. O velório ocorreu no dia 31 no Cemitério Gethsêmani, que fica na Praça da Ressurreição, 1 – Vila Sonia - São Paulo (SP).

Anna Maria Martinez Corrêa construiu sua carreira docente na Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, Câmpus de Assis. Publicou diversos livros e artigos. Mas sua maior obra e que lhe deu projeção dentro e fora da Universidade foi a criação do Centro de Documentação e Memória, em 1987, a partir de uma determinação do governo estadual de que todas as instâncias da administração tivessem controle sobre a produção de seus documentos.

Inicialmente, o CEDEM objetivava resgatar e preservar a memória da Instituição, a qual acompanhou o surgimento a partir dos Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado de São Paulo. Posteriormente vieram outros acervos, relativos aos movimentos sociais do país. A partir daí, o CEDEM se transformaria em referência em pesquisa sobre a memória da esquerda nacional.

Anna Maria formou-se em História e Geografia pela PUC-SP, em 1954. Após a formatura, voltou para a cidade de Araraquara, interior paulista, onde lecionou por um período. Posteriormente voltou para a capital, para continuar sua formação. Na USP, sob a orientação do professor Eduardo d’Oliveira França, começou a pesquisar a história das instituições de ensino do litoral norte paulista. A partir dessa experiência, deu início ao mestrado sobre a história social de Araraquara. O estudo se estendia aos estabelecimentos de ensino das primeiras fazendas de cana-de-açúcar e café.

Também orientada por França, começou seu doutorado em 1969 sobre a Revolução Paulista de 1924. A partir de 1970 passou a lecionar no Departamento de História da antiga Faculdade de Ciências e Letras, que viria a ser incorporada para a criação da Unesp em 1976.

História oral – Concluído o doutorado, Anna Maria começou a se interessar pelos estudos de América Latina, particularmente a Revolução Mexicana, tendo como fonte documentos originais. Por essa metodologia, buscava as fontes primárias – localização, sistematização e organização de documentos. A partir da perspectiva de estudar as localidades, em 1973, em parceria com outros docentes, fundou a pós-graduação em História e o Centro de Documentação de Apoio à Pesquisa (CEDAP), na FCL, câmpus de Assis.

Sempre em busca de desafios, baseou-se na Antropologia para criar a metodologia de história oral, baseada em depoimentos. Essa metodologia foi posta em prática no CEDEM, nas atividades de colheita de material sobre a Unesp. Assim, Anna Maria escreveu o primeiro livro sobre a história da Unesp. Para preparar a mocidade, publicado pela Editora Unesp, conta a trajetória da Escola de Farmácia e Odontologia de Araraquara, fundada em 1923 e incorporada à Unesp.

Nessa linha, a historiadora criou, em 1990, o Projeto Memória da Universidade. Desde então foram mais de 500 depoimentos gravados sobre a memória dos Institutos Isolados e a criação da Unesp. Desse material resultaram os livros Unesp 40 anos e Unesp 30 anos – Memórias e Perspectivas, entre outras publicação. No ano de 2022, o Conselho Universitário da UNESP concedeu à docente o título de Professora Emérita, em virtude da dedicação ao desenvolvimento da ciência e pela reconhecida “capacidade de fazer acontecer.” 

A professora Anna Maria ficará para sempre na memória da Unesp.