Na manhã desta sexta-feira, 25, ocorreu uma perseguição veicular seguida de agressões por parte de agentes do Departamento de Trânsito de Assis ao motorista de uma van, identificado como Edmilson. O motorista estava trabalhando no transporte de alunos sem a devida autorização, o que teria motivado o incidente.

Durante a perseguição, a van parou em um ponto da Avenida Valter Fontana e um dos agentes colidiu sua viatura no para-choque dianteiro do veículo. Uma testemunha relata que Edmilson se preparava para sair da van quando foi violentamente agarrado pelo colarinho e jogado para fora do veículo. Desorientado, ele foi agredido pelo agente, que ainda arrancou a chave da ignição.

Nesse momento, Edmilson começou a gravar as agressões com seu celular, na tentativa de documentar o ocorrido, o que teria provocado uma reação ainda mais violenta. As cenas foram filmadas por pessoas que passavam pelo local e amplamente compartilhadas nas redes sociais. Mesmo com Edmilson tentando se defender, as agressões continuaram, e ele foi derrubado ao chão. Quando se levantou, percebeu que outro agente estava se juntando à agressão, desferindo golpes. No vídeo é possível ouvir os apelos de Edmilson, que dizia: "Vocês estão me machucando, estão me machucando!".

O motorista foi acompanhado pelo advogado Célio Francisco Diniz à Central de Polícia Judiciária, onde registrou uma ocorrência por tentativa de homicídio e injúria racial. Diniz alega que durante a imobilização, o agente de trânsito colocou o joelho no pescoço de Edmilson, que chegou a perder a consciência por alguns segundos. O advogado nega que Edmilson esteja trabalhando clandestinamente, admitindo apenas um problema na documentação do veículo, que está sendo resolvido de maneira administrativa.

Uma condutora, que trabalha com van escolar, defende Edmilson, indicando que ele tem uma reputação íntegra como motorista há quase 20 anos, e que enfrentou dificuldades financeiras durante a pandemia, o que o impediu de consertar sua van - que teve o motor fundido, e renovar sua licença de transporte escolar. "Isso é perseguição a ele, e faz tempo", afima a motorista, que preferiu não se identificar, temendo represálias. 

A equipe entrou em contato com Alcides Martins, diretor do Departamento de Trânsito de Assis, para obter sua versão dos fatos. Segundo ele, a perseguição ocorreu devido a denúncias feitas pela presidente da Associação dos Condutores de Transporte Escolar, que afirmou que a van conduzida por Edmilson estava operando de forma clandestina.

De acordo com Martins, Edmilson deixou alunos em uma escola e ao ser abordado pelos agentes, desrespeitou a ordem de parada e fugiu em alta velocidade. Os agentes, diz Matins, acreditaram que havia crianças dentro da van em perigo, o que resultou no acompanhamento e no acionamento da Polícia Militar. A perseguição terminou quando Edmilson parou em frente à Unimed e as viaturas o interceptaram. Durante a abordagem,  ainda segundo o diretor do departamento, Edmilson teria agredido um dos agentes, o que ocasionou uma tentativa de contenção que acabou com a queda de um dos agentes, que sofreu uma lesão na cabeça e foi encaminhado para a UPA.

Martins relata que a van apresentava problemas, como pneus desgastados e tacógrafo inoperante, além de não possuir autorização para o transporte de alunos. Por esse motivo, a van foi apreendida pela Polícia Militar e o documento retido para regularização, o que é contestado pelo advogado Célio Diniz.

A população, chocada com a brutalidade das agressões, está pedindo por justiça. As imagens gravadas estão sendo amplamente compartilhadas nas redes sociais com o objetivo de conscientizar e exigir medidas cabíveis em relação aos agentes envolvidos. 

Um vídeo enviado ao portal mostra apenas parte da luta corporal, não exibindo o momento em que o motorista teria sido "arrancado" de dentro da van pelo colarinho e agredido antes de se defender.