Situação vivida em atendimento na UPA de Assis
Kedma Marta da Silva Ribeiro, 52 anos, é professora em Assis.
Sempre penso bastante antes de escrever e escrevo sobre minhas observações e experiências, mesmo que possa chatear pessoas, minha intensão é fazer pensar e acredito que com este texto muitos de vocês, leitores , poderão sentir e até expôr suas experiências.
Na terça-feira, dia 21/06, precisei chamar o SAMU para atender minha mãe que estava passando muito mal, sentada no vaso sanitário de nossa casa. Ela foi muito bem atendida pela equipe de profissionais que acharam por bem levá-la até a UPA. Minha mãe saiu de casa toda molhada de xixi, pois não conseguiu segurar e com a pressão arterial muito baixa.
Entrou na emergência às 10h40 e lá ficou por duas horas, nesse tempo permaneci sentada na sala de espera , na entrada da UPA. Depois que ela foi para um quarto, com seis camas, eu fui chamada para acompanhar, pois ela tem 92 anos e sofre de demência. Ela estava mais molhada ainda de xixi, em cima de uma maca daquelas que transporta o paciente dentro de hospitais.
Procurei por algum tempo alguém da enfermagem para me ajudar, porém são poucos profissionais para atenderem tantos casos. Quando uma funcionária apareceu, levei a minha mãe até o banheiro, com muita dificuldade e a troquei, procurando dar um melhor conforto para ela. Deitamos ela em uma cama e fiquei ali até às 15h (aproximadamente) esperando os resultados dos exames.
Nesse tempo sentada observei muitas coisas: as camas altas que em nada facilitam para o paciente, fora que são velhas; colchões e lençóis extremamente velhos; armários velhos, não tem filtro nos quartos, a água fica em uma garrafa térmica grande, com copos descartáveis, com isso não existe garantia que a água colocada alí seja filtrada; tudo parece um lixo, espaço cinza e assustador; poucas auxiliares para atenderem e a que estava atendendo a minha mãe, se desdobrou, porque tinha uma mulher passando muito mal e a médica, que foi chamada três vezes, não foi olhar. A auxiliar de enfermagem fez muito além do que lhe cabia.
A UPA estava lotada de alunos da Medicina e Enfermagem, porém esses passavam como se aquele espaço fosse uma vitrine para ser observada.
Queria informar aos estudantes que por ali passam, que quem está "dentro da vitrine" são seres humanos em sofrimento, não um produto para estudo. O olhar dos futuros profissionais precisam expressar compaixão, no mínimo. Sugiro que esse seja o conteúdo de alguma disciplina,
"Para ser médico precisa ter conhecimento acadêmico e gostar de gente"
"Para ser médico precisa ter empatia e compaixão"
Depois de tantas horas ali, vieram os resultados e, por não conseguir descobrir o que era , a médica da emergência deu alta , porém antes me questionou se eu sabia o que ela tinha e me afirmou que fez um Eletro cardiograma, o que foi relatado em seguida, que o mesmo não havia sido feito. Saí da UPA e fui direto para a Santa Casa de Cândido Mota.
Confesso que só entendi quando comparei um espaço com o outro.
Maior número de profissionais atendendo, o médico encaminhou minha mãe direto para CTI e vi as camas confortáveis, paciente é colocado na cama sem fazer esforço, pois a cama é elétrica e abaixa até a altura do paciente, várias auxiliares de enfermagem desde o acolhimento até os cuidados no quarto. Pessoas simpáticas e acolhedoras.
Quero com esse texto dizer que o atendimento da UPA está um caos de verdade. A médica era inexperiente e foi irresponsável em dar alta para minha mãe, falta enfermagem, toda mobília, roupa de cama já passou da hora de estar no lixo.
Eu não estava com vontade de discutir e, tinha pressa de levar minha mãe para outro atendimento, mas entendo perfeitamente quando vejo pessoas dizendo que precisam brigar para serem atendidas com dignidade.nDinheiro público que não chega com qualidade ao cidadão que já sofre com tantas situações que afetam a sociedade.
Escrevo consciente de tudo que vi, dou conta de cada palavra colocada neste texto.
Quem administra aquele lugar, não tem amor ao próximo. Administrar espaços públicos, com dinheiro público, precisa ter competência socioemocional de olhar os seres humanos que ali passam e garantir atendimento, acolhimento, conforto e solução.
Eu gostaria de ter a segurança de quando ver alguém passando mal na minha casa, ou melhor, qualquer cidadão da nossa cidade, saber que chegando à UPA , será bem atendido pelos profissionais competentes, em ambiente seguro e com conforto.
Lembrando que a UPA é pago por nós e para nós.
É DINHEIRO PÚBLICO!!
É SUS!!
NÃO É PARA DEIXAR DE EXISTIR.
É PARA EXISTIR COM QUALIDADE.
Espero que alguma autoridade de nossa cidade volte os olhos para aquele espaço que já passou da hora de ser resolvido.
Espaço do povo!
Dinheiro do povo!
Espero que ao menos pensem!!!
Kedma Marta da Silva Ribeiro, 52 anos, é professora em Assis-SP
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