Jovem morre após inalar gás de buzina em Rio Preto
Segundo informações da polícia, a estudante de 18 anos teve uma parada cardíaca
A advogada Mauriele Perez Porto, mãe da estudante Maria Luiza Perez Perassolo, que morreu após inalar gás de buzina em um condomínio em São José do Rio Preto (SP), disse em entrevista ao G1 nesta segunda-feira (28) que a filha não usava drogas. "Ela era o elo de alegria da minha família. Minha família acabou. Minha filha nunca dormiu na casa de ninguém e nunca usou drogas."
Emocionada, a mãe conta que no dia da fatalidade a jovem não ia sair de casa. "Ela estava comigo em casa estudando porque tinha prova na faculdade hoje (segunda-feira, 28). Ela me disse: ‘Mamãe, vou assistir séries e depois volto a estudar.’ Então, sugeri tomarmos sorvete e fui comprar", afirma.
A mãe conta que quando voltou para casa a filha estava com duas amigas no quarto, que também são vizinhas de condomínio. "Elas insistiram para a Malu ir com elas na área de lazer do condomínio. Ela não ia sair, mas aí insistiram e ela resolveu ir. Eu disse que sem problemas, para ela ir rapidinho e voltar para tomarmos o sorvete que eu tinha comprado", diz a mulher.
Mauriele afirma que não esperava que isso acontecesse e que achava que o passeio com as amigas seria rápido. "Ela até deixou a porta aberta. Isso foi por volta de 22h10, a hora que ela saiu da minha casa. Quando foi mais ou menos 23h, mandei uma mensagem dizendo que ia fazer minha outra filha dormir, mas que a hora que ela chegasse para me chamar. Ela respondeu às 23h19. A minha filha morreu fulminantemente às 23h33, de acordo com o laudo, sem nenhum resgate”, afirma.
Bastante abalada, a família diz que os jovens que estavam com a filha não acionaram o Samu e pede às pessoas que respeitem o momento de dor pelo qual a família está passando. "Não tenho mais nada de alegria na minha vida, nada vai trazer minha filha de volta. Não importa se alguém a induziu ou não, quem foi, o que aconteceu. Só sei que minha filha não está mais aqui, não vai voltar. Queria que as pessoas respeitassem a dor. Não sei o que vai ser da minha vida sem ela."
De acordo com o avô, Amaury Perez, Malu, como era carinhosamente chamada pela família, a neta foi encontrada caída ao lado de uma mesa. "Ela tinha marcas na cabeça e tinha vomitado. Não é porque sou o avô, não, mas nunca vi a Malu alterada. Quem pegou ela pelo pé, caída, fui eu e o pai de coração dela. Ela já estava morta. Eles não chamaram o resgate. Fui eu que peguei essa lata de buzina e entreguei para a polícia", diz.
Segundo a mãe da estudante, foi uma das amigas que estava com ela que a avisou. "Uma das amigas dela que veio a pé me avisar. Ela me chamou e disse: 'tia, a Malu puxou uma buzina.' Pensei comigo, meu Deus ela arrancou o volante de um carro, mas quando ela completou a frase dizendo que ela não estava respirando, já sai correndo, de camisola mesmo, e perguntei onde estava? E ela estava caída na garagem da casa de um vizinho. No local, não tinham responsáveis. No final, só quem estava lá era ela morta no chão. Sumiu todo mundo", diz.
De acordo com informações da polícia, ela teve uma parada cardíaca depois de ter inalado o gás de buzina. O gás propano, usado na buzina, pode causar asfixia e efeito alucinógeno. Ela estava com amigos, quando passou mal. O frasco com o gás de buzina foi apreendido pela Polícia Civil, que vai investigar o caso. O laudo do IML vai apontar o que aconteceu, qual foi exatamente a causa da morte.
Amigos lamentam
Os amigos da estudante usaram as redes sociais para lamentar a morte dela, que aconteceu na madrugada deste sábado (26). Maria Luiza Perez Perassolo tinha 18 anos e sonhava em ser delegada de polícia, segundo a mãe. "Sempre foi uma menina doce, carinhosa, amorosa, meiga, cuidadosa, vaidosa e responsável. Quem usa drogas não tem todos esses adjetivos juntos."
O pai de criação de Malu, Carlos Porto Júnior, afirma que sempre a levou e buscou dos lugares, independentemente da hora que fosse. "A hora que ela ligava eu sempre estava pronto para resolver, para ajudar. Nunca entrou no carro embriagada ou com cheiro de qualquer bebida ou cigarro que fosse. Estava sempre sóbria. Ela era o elo da minha família. Estamos desesperados e em choque. Se eu pudesse voltar no tempo não a teria deixado sair naquela noite", afirma.
Outro caso
Essa é a segunda morte neste ano na região noroeste paulista por causa do gás de buzina. No começo do mês passado, um estudante de medicina, de 33 anos, foi encontrado caído em um dos quartos da casa onde morava com a mãe em Fernandópolis. No local tinham 16 latas de gás de buzina. Dias antes, em Rio Preto, uma adolescente de 17 anos inalou o gás durante uma festa com amigos. Ela teve uma parada cardíaca de seis minutos e ficou nove dias na UTI com ferimentos na garganta, mas conseguiu se recuperar e já teve alta.
O gás
Segundo o Ceatox, Centro de Toxicologia do Hospital de Base, referência na região de Rio Preto, o gás desta buzina é perigoso e chega a entrar no organismo a -20°C e queima o sistema respiratório. A buzina é feita de gás composto de butano e propano, derivado do petróleo. Ele é encontrado também no isqueiro, geladeira, ar-condicionado. “No organismo, pode causar náuseas, vômitos, no sistema nervoso pode causar alucinação, euforia, desmaio, convulsão. Como entra em uma temperatura muito baixa no organismo pode causar edema pulmonar e no coração, pode agir no músculo e pode causar arritmia e infarto”, afirma a farmacêutica Gisela Cipullo Moreira.
FONTE - G-1 Rio Preto e Araçatuba
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