Retrato das perdas para a Covid-19, cruzes são retiradas da Rotatória São Francisco, em Assis
Um ato ecumênico marcou a ação idealizada por um advogado, com adesão de grupos.
Cumprindo a programação recentemente anunciada, na manhã deste domingo, 25 de julho, foram retiradas as cruzes afixadas durante a madrugada de 07 de junho, no gramado da Rotatória São Francisco, no alto da Avenida Rui Barbosa, em Assis. Um breve ato ecumênico deu o tom mais solene à retirada, que contou com a presença de apoiadores da iniciativa, amigos e alguns familiares das vítimas do novo coronavírus no município, que estiveram representados no memorial improvisado.
De acordo com o idealizador da ação, o advogado assisense Karol Tedesque, que teve a colaboração da esposa, Carolina Zanatta, e de grupos de pessoas, dentre as quais, profissionais da Psicologia que criaram uma rede gratuita de apoio aos familiares enlutados, foi cumprido o objetivo de promover uma consciência coletiva sobre o que, naquele momento da colocação das cruzes era bastante crítico. O cenário era de rápido avanço da contaminação pelo vírus, com mortes que ocorriam diariamente, em números elevados e com taxa de ocupação hospitalar em torno de 150%.
Em razão dos tantos óbitos e pacientes em estado grave, muitos intubadas - tanto na UPA, quanto nos três hospitais de Assis, foi que Tedesque,resolveu fazer algo que realmente chamasse a atenção para a gravidade do cenário no município, incluindo as aglomerações.
“Quando as cruzes foram colocadas ocorriam muitas mortes, às vezes, de cinco/seis por dia. Então, foi nesse momento de desespero, de tentar atingir essa consciência para ver conseguia desafogar os hospitais e diminuir o número de casos, e também uma forma de olhar para as famílias enlutadas, que surgiu a ideia desse tipo de memorial provisório. Foi uma coisa muito muito forte para os tantos pais, filhos, avôs e avós, víuvos e viúvas, parentes, enfim, que encontraram ali na rotatória uma maneira de viver o luto, de acolhimento e despedida dos entes queridos", relata o advogado, que adianta que algo permanente deve ser providenciado pela prefeitura.
Durante a permanência das cruzes, muitas flores, fotografias e cartazes foram colocados aos pés delas. A intenção inicial era de retirá-las no final de junho, mas conforme cita Tedesque, muitas famílias passaram a frequentar o local e pediram para deixar por mais algum um tempo, até para que parentes de fora pudessem ver o memorial.
Hoje, algumas pessoas levaram cruzes para suas casas, representando o familiar perdido para a Covid-19. As demais foram guardadas para posterior destinação.
Redação Abordagem
Imagens da fotógrafa Marcela Cezar
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