Abordagem Notícias
CONSTRUTORA
LOCAL • 21/10/2024 às 00:36

Professora do curso de Psicologia da UNESP de Assis fala da importância de acolher o luto

Mariele publicou em parceria com estagiários uma cartilha com orientações sobre o luto por Covid-19.

Professora do curso de Psicologia da UNESP de Assis fala da importância de acolher o luto

No final dessa semana, o Brasil atingiu a triste marca de 500 mil vidas que se foram por causa da Covid-19. A dor de cada familiar, de cada amigo, companheiro de trabalho de um ente querido que morreu na pandemia não sai nos jornais, parafraseando a canção de Chico Buarque.

Quando sofremos a perda de uma pessoa significativa, precisamos elaborar a dor provocada pela ruptura, pela quebra do vínculo. A esse processo damos o nome de luto. Psicólogos e psiquiatras que estudam o tema calculam que cerca de seis a dez pessoas são diretamente impactadas pela morte de um ente querido. Essas seriam as pessoas mais próximas, mas sabemos que o número é muito maior. Se pensarmos na realidade da cidade de Assis, por exemplo, desde o início da pandemia são mais de 3.500 pessoas diretamente enlutadas.

O processo de elaboração de luto é lento e precisa de tempo, acolhimento e amparo social. Os rituais, nesse sentido, são extremamente importantes para que essa dor possa ser sentida, processada, acolhida. Sabemos que, por conta da pandemia, alguns rituais tiveram de ser adaptados e outros foram, ainda, suprimidos. Nas mortes por Covid-19, por exemplo, os velórios acontecem com número bastante reduzido de pessoas, não é recomendado, inclusive, que elas se abracem (o abraço que falta e que traz a sensação de ser confortado), não é possível tocar o corpo da pessoa falecida, dentre outras restrições. Tudo isso tem produzido um forte impacto no processo de luto das pessoas que sofreram uma perda.

Há cerca de oito meses, uma professora do curso de Psicologia da UNESP de Assis, Mariele Correa, em parceria com estagiários, vem desenvolvendo um projeto de acolhimento psicológico a enlutados por Covid. De acordo com a professora, as pessoas que perderam um ente querido relatam um duplo luto: a morte da pessoa e a impossibilidade da despedida.

Por isso, os especialistas em luto têm destacado a necessidade de criar e realizar outras formas de rituais para acolher e elaborar o luto. Para a professora Mariele Correa, a instalação das cruzes na Rotatória do São Francisco de Assis é um desses rituais, que se transformou em um espaço de acolhimento e solidariedade para quem está passando por um processo de luto. As flores e as faixas são uma resposta social de afeto aos enlutados: uma cidade está de luto pela vida de seus filhos, diz a professora e psicóloga, e é preciso seguirmos cuidando uns dos outros. “É uma manifestação simbólica de apoio. Pode ser que algumas pessoas se sintam incomodadas ou impactadas – é compreensível. Mas é importante que se reflita o por quê do impacto. São muitas perdas, muitas vidas, amores, projetos que foram interrompidos. Não é possível ‘seguir em frente’ sem olhar, acolher e compreender o que se perdeu. Isso vale para as famílias e para toda a sociedade”, de acordo com a professora.

Mariele Correa é psicóloga e docente do Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Ciência e Letras – UNESP, campus de Assis. Ela publicou, em parceria com os estagiários que realizam acolhimento psicológico enlutados, uma cartilha com orientações sobre o luto por Covid-19. O material é gratuito e pode ser encontrado no endereço: https://drive.google.com/file/d/16RPfbhPLDXK-dTEH0am9mK6Pfk3gDy-g/view

 

Abordagem




lena pilates
Pharmacia Antiga