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SANTA CASA
LOCAL • 21/10/2024 às 05:52

Faixa alusiva às mortes Covid-19 em Assis amanhece rasgada na Rotatória São Francisco

O idealizador da fixação das cruzes em homenagem às vítimas e alerta à população, se manifesta.

Faixa alusiva às mortes Covid-19 em Assis amanhece rasgada na Rotatória São Francisco

Na madrugada de 07 de junho, um grupo de 10  amigos, tendo à frente o advogado Karol Tedesque afixaram 308 cruzes, pintadas na cor preta, no gramado da rotatória São Francisco, no alto da Avenida Rui Barbosa, para conscientizar os munícipes e apelar às autoridades sobre as reiteradas mortes pela Covid-19 em Assis, que crescem a cada dia. Hoje já são 328 óbitos confirmados e outros estão em investigação. 

A intervenção gerou polêmica. Muitos aplaudiram a iniciativa, uma vez que a Saúde de Assis entrou em colapso e não há disponibilidade de UTIs nos três hospitais da cidade, e, mesmo diante disso, aglomerações continuam acontecendo. Em contrapartida, outras tantas pessoas foram contárias a afixação das cruzes e de uma faixa com os dizeres "A culpa também é sua", considerando que a ação foi mórbida, ofensiva e apelativa, invalidando a iniciativa e agredindo verbalmente o idealizador. 

Hoje, havia cruzes derrubadas e destruição de grande parte da faixa, causando a indignação dos que apoiam a causa. 

 

 

Karol Tedesque gravou vídeos nas redes sociais e também postou um texto, que segue abaixo. 

"Você pode rasgar a faixa, pode queima-la, pode fazer o que bem entender... Mas você NUNCA tirará de sua memória as palavras que nela estavam escritas, se te incomodou ao ponto de destilar seu ódio, intolerância e inconformismo, o fazendo vir com seu carro ou a pé até aqui para fazer isso com ela, significa que em algum lugar aí dentro de você as palavras escritas te incomodaram e fizeram você olhar para algo aí dentro que insistia em esconder. E quando iluminamos nossas sombras acessamos pensamentos e atitudes que insistimos em negar. E isso diz muita coisa, essa faixa rasgada apenas complementa a obra...

Há um ditado que diz algo mais ou menos assim, "A obra quando está pronta, não pertence mais ao artista, ela tem vida própria e ao mundo e a sociedade onde está inserida cabe dar sequência."
Não vejo uma faixa rasgada, vejo um sinal dos nossos tempos, tempos onde tentam a todo instante rasgar a constituição, rasgar a liberdade de expressão, rasgar a tolerância, rasgar a livre manifestação artística, rasgar a liberdade, rasgar a divergência de pensamentos, rasgar nossas maiores conquistas, vejo retrocessos, vejo censura, sinto na pele a dor de uma sociedade doente e louca pela intolerância cada vez maior.
Hoje já chorei, e como diria Belchior, "ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro."
A arte ganhou vida e assim se perpetuará.
Cabe a cada um de nós interpretar e sentir esses rasgos raivosos na faixa...
PS. A Rotatória possui câmeras gravando em todos os ângulos 24 hs por dia, quem tiver interesse em achar o "autor", fica fácil saber, existem imagens...
Mas confesso que não cabe a mim essa apuração e nem tenho interesse nisso, minha parte eu já fiz, e agora a obra tem vida própria não só pelas minhas mãos, mas também daqueles que não concordam comigo...
Volto a dizer e insistir, respeitem as cruzes, algumas aparentemente foram chutadas no mesmo ato, mas já as arrumei agora de manhã.
Algumas cruzes começam a receber flores, provavelmente de familiares, então quanto a isso eu peço e exijo respeito máximo. E se algo acontecer com elas, aí sim farei questão de tomar todas as medidas judiciais e extra judiciais possíveis para apuração, identificação e responsabilização.
E na próxima semana irei retirar TODAS as cruzes de lá, inclusive os restos da faixa..."

 

 

Redação Abordagem




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