Bebê cai das mãos de médico após parto e morre em Assis
O caso é investigado pela Polícia Civil de Assis.
Uma grande fatalidade teria resultado na morte de um recém-nascido, nesta terça-feira, 13 de abril, na Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Assis. Ao término de um parto natural, numa gestação de 39 semanas e dois dias, o bebê do sexo masculino teria escorregado das mãos de um médico ginecologista e obstetra, que também é professor.
A família procurou a reportagem para relatar os sofrimentos sofridos pela parturiente Isabela Nogueira Evangelista, de 20 anos, que deu à luz seu primeiro filho, o qual receberia o nome de Vítor.
De acordo com a família, Isabela sentia contrações, dores e sangramento, e, por volta da 1h30 da madrugada de hoje foi levada até a Maternidade Nossa Senhora das Vitórias, localizada entre a Santa Casa e Hospital e Maternidade de Assis.
Segundo relato da irmã da gestante, Raphaela Nogueira Evangelista, com apenas um dedo de dilatação ela foi mandada de volta para casa. No período da manhã, por volta das 7h30, deu entrada novamente na maternidade, com muita dor e sangramento, e a levaram para fazer o exame dos batimentos do bebê, que estariam normais.
Nesse momento, a dilatação do colo do útero já teria em torno de seis centímetros e a parturiente foi colocada na cadeira de parto, em uma pré-sala, onde, segundo a irmã dela, havia a presença de cinco alunos do curso de Medicina.
Raphaela assistiu parte dos procedimentos, mas não aguentando o sofrimento da irmã, saiu da sala e pediu à mãe, Silvana Cristina Nogueira, que entrasse.
A gestante Isabela junto com a irmã Raphaela, no pré-parto
“Minha irmã sentia muitas dores e implorava que fosse feita uma cesariana, mas negaram esse direito a ela. É assim que as coisas funcionam pelo SUS; tentam o parto normal até o último instante, mesmo contra a vontade da gestante. Ela não estava conseguindo o parto, eu assisti! Gritava de dores e o médico dizia para ser forte, que era jovem, que estava fazendo força errado. A colocaram debaixo do chuveiro, fizeram caminhar para estimular o parto, e ela, morrendo de dores”, relata.
“Foi desumano. Tinha uns cinco alunos na sala e um médico mostrando a eles como se faz um parto normal. Estava difícil e esse médico disse que o útero não estava totalmente aberto, então ‘enfiou o dedo’ para ajudar a descolar e, a essa altura minha irmã já não aguentava de dor. Querendo, ou não, ele a forçou a ter um parto que ela não estava aguentando”, enfatiza.
A tia do recém-nascido afirma que a irmã desmaiou por três vezes, e mesmo sem conseguir ter o parto normal teria sido forçada.
No momento em que a criança nasceu, foi colocada no colo da mãe, que notou um tom arroxeado na cabecinha e devolveu ao obstetra, que o teria derrubado.
De acordo com a tia do recém-nascido, houve tentativa de ressuscitar o pequeno Vítor, mas logo alguém da equipe da maternidade voltou para informar que ele não resistiu.
A polícia foi chamada até a maternidade e parentes e testemunhas foram até o plantão localizado no prédio da Central de Polícia Judiciária de Assis, a CPJ.
O delegado plantonista, que está no atendimento da ocorrência é Luís Gustavo Scaff.
O corpo do bebê foi encaminhado ao IML para exame necroscópico.
Os pais do recém- nascido são Isabela e Tiago Ribeiro da Silva. O caso segue sendo registrado pela Polícia Civil nesta noite.
Nota de esclarecimento emitida pela Santa Casa de Misericórdia de Assis
Sobre do falecimento do recém- nascido na Maternidade da Santa Casa de Assis no dia 13/04/2021, esclarecemos:
• A mãe e a família foram e estão sendo amplamente assistidas pela equipe da Maternidade e Direção da Instituição;
• A equipe obstétrica acompanhou presencialmente a paciente durante todo o período, seguindo todos os protocolos médicos;
• Após o parto, o bebê foi recepcionado pela pediatra, que constatou que o mesmo apresentava cianose, hipoativo e ausência de choro;
• Diante do quadro foram realizados todos os protocolos de reanimação do neonato, sem sucesso, sendo o óbito constatado pela pediatra;
• A Direção orientou a Família a realizar um boletim de ocorrência bem como a análise no IML de Marília;
• A Instituição se solidariza com os familiares da criança mediante a delicada situação;
• Diante do rigor com que a instituição conduz a assistência aos pacientes, qualquer acontecimento fora da normalidade sempre passa por avaliação criteriosa. Todos os óbitos são verificados por uma comissão constituída para este fim, e a ocorrência deste óbito passará também por procedimentos internos de avaliação. Se constatada qualquer irregularidade, serão tomadas medidas, de acordo com a análise e o parecer da Comissão de Ética da Instituição;
• A Maternidade da Santa Casa de Assis tem uma história centenária e impactante, possibilitando o nascimento de inúmeros assisenses e tem sido reconhecida como um centro de excelência, com uma equipe formada por Médicos e Enfermeiras Obstetrizes, com elevada experiência na área. Após estabelecimento de parceria com o Curso de Medicina da FEMA, passou a ter Médicos Obstetras em plantões presenciais 24h;
Reafirmamos o compromisso de total transparência e integridade em todas as nossas ações, mas qualquer parecer precisa ser fundamentado, isento do impacto dos acontecimentos.
Redação Abordagem
Fotos cedidas pela irmã da parturiente
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