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LOCAL • 21/10/2024 às 06:45

Morte de ‘Toinho’, psicólogo e ministro da eucaristia, provoca desabafos de filha e padre

'Perdi meu pai por uma apendicite, que não teve o mínimo de tratamento adequado na UPA.'

Morte de ‘Toinho’, psicólogo e ministro da eucaristia, provoca desabafos de filha e padre

Sob forte comoção, e acompanhado por muitos amigos e familiares, foi sepultado na tarde deste domingo (20) no Cemitério Municipal da Saudade, o psicólogo, ‘Ministro da Eucaristia’ da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Complexo Prudenciana, e vigilante bancário Antônio José de Andrade, o ‘Toinho’, de 47 anos de idade.

Os atendimentos feitos na Unidade de Pronto Atendimento -UPA-, antes da morte, ocorrida na tarde deste sábado, dia 19 de setembro, no Hospital Regional de Assis, provocaram um desabafo da filha Geovana Andrade nas redes sociais, que foi seguido de dezenas de comentários protestando pela situação enfrentada pelo paciente, que teria morrido em razão de ‘apendicite’.

‘Toinho’, como era conhecido pelos amigos da comunidade católica, morava na rua Ari de Melo, na vila Nova Florínea, e tinha conseguido, há pouco tempo, realizar o sonho de concluir o curso de Psicologia.

Ainda sem atuar na área profissional escolhida – apenas alguns poucos atendimentos-, ele continuava trabalhando como vigilante bancários e, recentemente, ‘Toinho’ prestava serviço na agência da Caixa Econômica Federal, na avenida Rui Barbosa.

DESABAFO

Nas redes sociais, logo após o sepultamento do pai, a filha Geovana Andrade publicou um duro desabafo:

“Estou indignada, como isso aconteceu tão rápido!

Perdi meu pai por uma apendicite, que não teve o mínimo de tratamento adequado na UPA.

Sabemos que os profissionais fazem e tentam fazer o melhor.

Mas não conseguir identificar uma apendicite na consulta e ficar mandando o meu pai pra casa toda vez que ia com a dor insuportável pra lá, foi lamentável, foi cruel.

Ele estava com a barriga ‘enorme’, inchada, com dores, sem comer há dias e só lhe davam soro e medicação nas veias. No seu penúltimo dia de vida, conseguimos, com a ajuda do ‘Gordinho da Farmácia’ (vereador), uma vaga no Hospital Regional para interná-lo e, no sábado, foi marcada a cirurgia para às 14 horas.

Meu pai estava feliz, pois iria tirar sua dor. Iria se recuperar, mas, infelizmente, foi tarde demais.

Sua apendicite já tinha rompido.

Estava todo ‘necrosado’ por dentro, mas ele ainda estava resistindo. Estava suportando sua dor, como um verdadeiro homem de garra, e de Deus.

Deus, até seus últimos minutos, deu a maior força, que alguém poderia receber.

Ele lutou!

E foi, em paz, às 15:36!

Não tem nada que possa suprir essa dor.

Essa saudade. Esse enorme buraco que está dentro de mim, da minha mãe e familiares!

Mas, quero deixar, aqui, minha indignação e alertar a vocês para que fiquem atentos a tudo!

E, se conseguirem, façam o melhor para os doentes!

É possível salvar vidas!

E deixo aqui um texto incrível e lindo que o Padre Orlando (Alves)”,  escreveu.

O texto a que se refere a filha de ‘Toinho’ é de autoria do padre Orlando de Almeida Alves, coordenador diocesano da Pastoral da Saúde e, atualmente, pároco do Bonfim, após ter passado alguns anos no Complexo Prudenciana, onde conviveu com maior proximidade a ‘Toinho’, que era Ministro da Eucaristia.

O texto do pároco também foi publicado no portal oficial da Diocese de Assis e diz::

“Nestes tempos sombrios de pandemia, acabamos por nos acostumar com a estatística do número de mortes às centenas de milhares.

A estatística não mostra os rostos, as histórias, os sonhos e as esperanças das pessoas que morreram, as pessoas passam a ser somente um número.

Mas neste fim de semana, com a notícia chocante da morte de um pai de família, trabalhador, recém formado em psicologia, catequista e ministro da eucaristia em sua paróquia, não poderia ser assim, ainda mais devido às circunstâncias.

Morrer de COVID-19, uma doença grave e desconhecida para a qual ainda não se tem remédio, ainda que muitas dessas mortes poderiam ser evitáveis, é até compreensível.

Mas morrer, em pleno século XXI, de apendicite é no mínimo questionável, pra não dizer revoltante.

Foi o que infelizmente aconteceu com nosso querido “Toinho”.

‘Destino’, como alguém sugeriu?

Não, mas fruto de alguma grave falha no sistema de saúde que ceifou uma vida cheia de planos e realizações como tantas outras, principalmente dos mais pobres.

Nada vai trazer sua vida de volta, mas que sua partida, como foi sua vida, possa continuar a melhorar o mundo, no caso, a melhorar o sistema de saúde de um país onde eventuais falhas não mais terminem por interromper prematuramente tantas vidas promissoras como a do nosso querido ‘Toinho’.”

Assinado: Padre Orlando de Almeida Alves

 

Fonte - Jornal da Segunda




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