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OSSIRES MAIA
ARTIGO • 19/10/2024 às 19:10

Na alegria e na tristeza

Pelo jornalista Alcindo Garcia.

Na alegria e na tristeza

Em todo ritual de casamento o padre faz algumas perguntas aos noivos:  Brederodes, você aceita Pafúncia como sua legítima esposa, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe? A resposta é óbvia – Sim. Depois ele faz a mesma pergunta a Pafuncia, e ela toda sorridente também responde – Sim. Entendo que durante essa solenidade o silêncio é necessário para que perguntas e respostas sejam ouvidas. Um estudo comportamental avaliou que quem ama ouve melhor, o que não significa dizer que os deficientes auditivos não amem. Embora não haja explicação científica, pude comprová-lo numa recente cerimônia de casamento numa igrejinha em Minas. Eu ali no meu canto. No altar-mor o padre celebrava um casamento. Lá fora carros de som com seus potentes alto-falantes provocavam um barulho infernal ecoando no interior da igreja.

Imagino que aquela zorra toda estava pondo à prova a paciência do padre, dos noivos, dos padrinhos, dos convidados e a minha que nada tinha a ver com o casamento. Só estava ali de bicão, de passagem, tendo um particular com Deus.

Como ninguém é de ferro, aproveitei para pedir a Deus que pusesse ordem naquela balbúrdia nas imediações da igreja, já que existe proibição legal. Mas um fato aguçou minha curiosidade. Com aquela barulheira toda, indaguei com meus botões, como é que os noivos iriam ouvir o padre para responder o SIM na hora H?...

Lembrei-me então do estudo científico de que os apaixonados ouvem melhor. Apesar do barulho, a tese foi confirmada. Com toda a barulheira que vinha de fora, os noivos conseguiram ouvir e responder corretamente o SIM, apesar da balburdia. Os recém-casados saíram da igreja, felizes para sempre, até que a morte os separe. Falar que o amor é mais forte do que a morte é besteira. O amor não é surdo, vence até a barulheira de sons automotivos anunciando liquidações. O jeito foi me benzer com água benta e sair da igreja, sem antes pedir a Deus para que os responsáveis pela ordem pública já não estivessem surdos.

Com tantas coisas bonitas que sei sobre o amor descobri mais uma. O amor é muito mais forte do que mil watts de som atazanando a paciência alheia.

 

  (Alcindo Garcia é Jornalista) e-mail: alcindogarcia@uol.com.br




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