Envolvidos na chamada Máfia das Multas são indiciados em Assis
Ao todo, nove pessoas foram indiciadas no processo que reúne 150 volumes e cerca de 35 mil páginas.
(Farto material apreendido pela Polícia Civil em junho de 2018)
Os últimos dias da semana passada - mais precisamente a tarde de quinta-feira, 12, foram de muita especulação por parte da população assisense, relacionadas às possíveis prisões de pessoas envolvidas no inquérito policial instaurado em 25 de junho de 2018 para apurar eventuais irregularidades praticadas pelo Departamento Municipal de Trânsito de Assis, depois de denúncias feitas por uma ex-servidora municipal e da comprovação de aumento desproporcional de multas no município.
Para ter uma ideia, normalmente um agente de trânsito aplicava uma média de 20 multas por mês. Esse número passou para mais de 300 até que as investigações tivessem início.
O levantamento das irregularidades começou após ampla manifestação da ex-servidora municipal, Alessandra da Silva, que ficou conhecida como "Mulher Bomba". Ela resolveu denunciar, inicialmente nas redes sociais, as ações criminosas que teriam sido praticadas pelo Departamento Municipal de Trânsito. Depois disso, teria sido ameaçada por pessoas envolvidas no esquema e procurou a polícia e a promotoria.
Os trabalhos para trazer à tona a chamada “Máfia das Multas” foram uma ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público de Assis.
Na ocasião, houve a emissão e cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, tanto no Departamento de Trânsito, quanto no escritório de um despachante.
Os outros quatro mandados tinham como endereço residências de pessoas citadas nas denúncias, conforme informou, à época, em uma coletiva, na Central de Polícia Judiciária de Assis, o delegado Marcel Ito Okuma.
As diligências foram feitas também pelos outros delegados da DIG/DISE de Assis, Marcelo Armstrong Nunes e Ricardo Antônio Nascimento, juntamente com equipe de investigadores.
Foram apreendidos computadores, farta documentação e dinheiro. O delegado Okuma informou à imprensa que há algum tempo, vários motoristas de Assis reclamavam que não mereciam as multas recebidas, com muitos relatam abusos na aplicação.
“Inúmeras pessoas não reconhecem as infrações, no que chamam Assis de indústria de multas. Estamos averiguando se, eventualmente, agentes de trânsito estariam lucrando por multa aplicada, mas tudo isso vai passar por análise e apurações. Só assim saberemos se os fatos investigados são realmente verdadeiros, ou não”, relatou o delegado no dia das apreensões.
O jornalista Reinaldo Nunes conseguiu levantar que nove pessoas – sendo um ex-diretor do Departamento Municipal de Trânsito de Assis, uma servidora do mesmo órgão, um ex-assessor municipal, um despachante, um atual secretário da prefeitura e quatro agentes de trânsito, foram indiciados, com inquérito entregue à justiça na tarde da última quinta-feira, 19. Quatro dessas pessoas seriam alvos de prisão preventiva e já não estariam mais na cidade, o que não é oficialmente confirmado.
O inquérito, já nas mãos do juiz, corre sob sigilo pela 3ª Vara. O processo conta com 150 volumes e cerca de 35 mil páginas.
Em insistente contato com o delegado Okuma, na manhã desta segunda-feira, 23 de dezembro, ele respondeu ao site Abordagem Notícias que: “Não passei e não vou repassar nenhuma informação até a manifestação judicial. Se caso algum meio de imprensa conseguiu alguma informação, não foi comigo, talvez com algum advogado que teve acesso ao processo”.
Os crimes atribuídos aos indiciados são das naturezas que envolvem formação de quadrilha, aferição de vantagem ilícita, corrupção ativa, passiva, associação criminosa, e todos os eventuais crimes que foram analisados em conjunto com a documentação apreendida e oitiva de testemunhas.
Na mesma ocasião dos procedimentos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, houve a abertura de sindicância pela Prefeitura Municipal, e formação de uma comissão de investigação, pela Câmara Municipal.
O recesso forense foi iniciado na sexta-feira, 20 de dezembro e termina em 06 de janeiro de 2020.
Em 2018 o delegado Marcel Ito Okuma falou com a imprensa, hoje ele prefere aguardar a manifestação judicial.
Redação e fotos Abordagem Notícias
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