Gestante que já tem 4 filhas enfrenta luta por cesárea e laqueadura em Assis
Projeto de lei aprovado Dória permite que grávidas do Estado de SP optem por fazer cesárea pelo SUS.
A assisense Silmara Bernardes Ferreira tem 31 anos de idade, quatro filhas, de 14, 10, 07 e 04 anos, e, apesar de estar dentro do que preconiza a lei, se depara com grande dificuldade para garantir que não passará por mais um parto natural, e, principalmente, que terá a tão desejada cirurgia de laqueadura.
Ela que caminha para o quinto mês de gestação está certa de já ter um número suficiente de filhos; o marido concorda com a decisão, e Silmara espera ter uma resposta positiva e concreta de que conseguirá exercer seu direito.
As quatro filhas de Silmara nasceram através de parto natural. Na terceira vez, a parturiente já quis operar, mas não conseguiu por conta da pouca idade. Agora, no quinto filho, busca os meios para fazer a laqueadura, mas não está sendo fácil, conforme relata.
“Os médicos querem me cobrar, ilegalmente, R$ 1.500 reais. Estou desempregada e ninguém quer me operar pelo SUS. Por eu já ter vindo de quatro partos normais - todos com mais de 10 horas de contrações, tive um problema de rebaixamento na bexiga e sinto muita dor. Mesmo assim, ninguém quer me operar. Pensei em procurar um advogado, porque me orientei e sei que tanto a cesárea, quanto a laqueadura, são direitos meus”, pontua Silmara à reportagem.
Segundo a gestante, lhe foi informado por um médico do posto de saúde onde era atendida, que deverá ter parto normal, e, depois, voltar para fazer a laqueadura.
“Ninguém quer me encaminhar para a laqueadura, um absurdo isso, pois já estou indo para o quinto filho. É muito sofrido aguentar dez contrações de um parto, ou mesmo passar por uma cesariana, e depois de três meses voltar para cortar a barriga de novo. O governo já paga isso, então não vou, e não tenho condições, de pagar R$ 1.500 reais”.
Silmara reforça que já quer aproveitar a cesariana, para ser submetida à laqueadura. “Não preciso e nem devo tentar mais um parto normal, pois estou com um problema de inflamação na bexiga, que já me impediu de ter colocado o DIU (Dispositivo Intra Uterino).
“Não é a minha opção a cesárea, mas é a necessidade e meu direito garantido por Lei. Preciso disso, mais por causa da laqueadura do que pelo parto. Estou apavorada, porque tenho menos de cinco meses para correr atrás disso e o tempo está passando rápido demais”, pondera.
Há pouco, Silmara começou o acompanhamento da gravidez na Unidade Básica de Saúde do Jardim Santa Clara, onde, segundo avalia, é muito bem atendida, diferente do que ocorria na unidade anterior. “As meninas do posto ficaram de ligar no hospital quanto eu for ter o bebê, mas tenho que contar com a sorte”, relata.
Nesse último posto de saúde, a gestante não chegou a conversar com o médico, mas espera que ele entenda sua situação.
Lei
No dia 23 de agosto deste ano, o governador João Doria (PSDB) sancionou o polêmico projeto de lei que permite que grávidas do Estado de São Paulo optem por fazer uma cesárea a partir da 39ª semana de gestação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta inclui a determinação de oferecer analgesia a mulheres que decidirem fazer parto normal.
O projeto de lei 435/2019 é de autoria da deputada Janaína Paschoal (PSL) e foi aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com 58 votos favoráveis e 20 contrários. Segundo o texto do projeto, o procedimento poderá ser realizado “após ter a parturiente sido conscientizada e informada acerca dos benefícios do parto normal e riscos de sucessivas cesarianas”.
Quando à laqueadura, segundo a Lei nº 9.263/96, toda mulher com mais de 25 anos ou mais de dois filhos, com vida, tem direito à cirurgia. Laqueadura é um procedimento de esterilização amplamente requisitado pelas mulheres que não desejam mais engravidar, caso esse da assisense.
Redação Abordagem
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