Foi assim que o porteiro José Carlos Dantas de Souza exclamou quando soube do desabamento do prédio onde morava havia apenas três meses . Vindo da Paraíba, havia oito anos morava no Rio de Janeiro com a família.
Conta que morava na Rocinha sempre trabalhando muito com o sonho de morar em uma casa própria. Pagou R$ 60 mil pelo apartamento e ainda confessa que está pagando ainda. Mas seu sonho simplesmente acabou. O prédio e o do lado faziam parte do Condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzena, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro que, após chuvas terríveis de dias anteriores, desmoronaram.
Porém, diz ter mesmo muita sorte. Naquela quinta-feira última, sua mulher e filha resolveram dormir em seu quartinho, porque havia muita lama lá na Muzema. De manhã, soube através de um amigo que o prédio onde morava tinha caído para seu desespero e da sua mulher e filha.
Conta também que tinha comprado seu apartamento ainda “no tijolo” e que tinha mobiliado com tudo lá dentro e assim outras onze famílias em que lá se instalaram. Mas conta que teve mesmo muita sorte, melhor que do que ter ganhado na Loto. Seu prêmio maior foi estar vivo, “o prêmio maior – a Vida ! Graças a Deus minha filha não estava lá nem minha mulher. Bens materiais a gente vê depois.”
Que mensagem de vida esse simples porteiro transmitiu para o repórter e para todos nós, leitores anônimos de um jornal. Até quando, nós brasileiros, viventes e sobreviventes deste nosso país tão solidário, tão extenso em áreas territoriais, tão rico em riquezas naturais, tão respeitoso às diversidades, iremos presenciar e sofrer com tantas calamidades e tragédias ora fazendo parte do nosso cotidiano.
São interrogações que nos deixam sem respostas, indignados, nos deixam perplexos. Palavras de nada resolvem. Precisamos de obras, de respeito às leis, de uma justiça imediata, rápida, de uma Educação que chegue a todos, indistintamente, de uma Saúde e Segurança que se façam presentes em qualquer lugar que estejamos por este nosso Brasil afora.
Temos ainda milhões de analfabetos (11,8 milhões segundo IBGE) e milhões de analfabetos funcionais ( 38 milhões) que, por falta de oportunidades as mais diversas, deixam-se enganar, como aconteceu com o sr. José Carlos, porteiro, emigrante do nordeste brasileiro em busca de uma vida melhor, morador de um prédio interditado pela Defesa Civil, construído irregularmente ,juntamente com mais cinco prédios condenados e que serão , principalmente depois desta tragédia serão demolidos.
Uma tristeza que temos que repudiar. Repudiar com veemência através de ações na busca de políticas públicas que sejam administradas por profissionais honestos e competentes e que a cada dia brilhe a esperança de dias melhores para o fortalecimento desta nossa democracia ainda frágil e injusta.
Wilma Coronado Antunes
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