A vida é um segredo, mais do que segredo, prefiro a palavra mistério. A vida é um mistério, e o que constitui esse grande mistério é o medo.
O medo moveu e move a humanidade. Antigamente, enquanto andávamos quadrúpedes pelas savanas africanas, fazíamos lanças e ferramentas de pedra lascada e posteriormente de pedra polida. Vivíamos atordoados pelos raios que caíam do céu e que quando atingiam uma árvore, labaredas rubras e quentes nasciam.
Nossos olhos pequenos de símios não conseguiam enxergar o que acontecia para além daqueles barulhos e cores vibrantes. Para fugir dessa realidade que nos assombrava entramos em cavernas e inventamos histórias que de uma forma ou de outra abrandava nossos medos.
Os mitos salvaram nossos ancestrais de um medo sem fim. Mas, mesmo controlando o fogo, os cursos dos rios, mesmo adestrando animais e conhecendo os processos por meio do método científico, nós, pequenos humanos ainda somos medrosos.
Atualizamos as nossas histórias, construímos alguns ídolos e estamos a idolatrá-los, e tudo porque temos medo. O medo é o motor da História. Se a necessidade é a mãe da invenção, como dizia um famoso físico, o medo é a mãe da sobrevivência.
Hoje o que mais nos assombra é a infelicidade. Claramente ser feliz já foi objeto de muitos filósofos, pensadores e intelectuais, mas devido a nossa sociedade cada vez mais líquida e sem propósito, um pouco niilista, temos medo do fracasso.
Nesse fim de semana um dos youtubers mais famosos do Brasil e do mundo Whindersson Nunes, compartilhou em seu Twitter que não sente mais vontade de viver, que apesar da fama, do dinheiro, se sente rodeado de abutres e de pessoas que só pensam em tirar dele algum proveito.
Ao ler isso compreendi que o medo de não conseguir ser feliz, o deixou mais infeliz. E claro, o medo das pessoas o rodearem apenas pelo dinheiro (o que é verdade), o medo de não corresponder as pessoas, o medo de nunca mais subir no palco e fazer os outros rirem, tudo isso o aterrorizou.
E então, nessa saga contra o medo, que nos joga ao precipício da tristeza, inventamos outras histórias: vá ao psicólogo, tome remédios, e tente viver.
Não que isso seja inválido, pelo contrário, foi graças aos nossos mitos, que sobrevivemos. Caso esteja com medo de não ser quem você acha que deveria ser, tome um café, leia um livro, vá ao psicólogo, limpe o carpete e tente viver.
Eduardo Matheus
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