Fotos e retratos, por Wilma Coronado Antunes
Abordando as Coisas da Vida
Estamos já iniciando o mês de abril neste ano de 2019. E como sentimos a rapidez do tempo que passa tão fugazmente que o dia nos parece não ter mais aquelas vinte e quatro horas indicadas pelos relógios. Também pudera, estamos compartilhando como se fossem duas vidas, a real e a virtual , que se entremeiam, que se confundem, que se entrelaçam, ora tão normalmente, ora de forma tão complexa.
Vejam o nosso cotidiano e como nos comunicamos hoje. Uma comunicação que teria tudo para ser fácil, aberta, simples. Mas não é. Existem redes sociais que nos permitem nos comunicar através delas, além do que existem neste nosso país milhares e milhares de os denominados celulares nas mãos de quase duzentos milhões de habitantes. A nossa vida, antes tão calma, se transformou. A tecnologia trouxe mudanças bruscas e surpreendentes. Vejam o novo mundo das câmeras fotográficas. Milhares de fotos estão nos celulares e nos computadores. Fotos pessoais, locais, regionais, mundiais , espaciais, neste nosso mundo em que a tecnologia avança desmedidamente.
Mas, convenhamos, é sem graça, desajeitado mesmo olhar fotos na tela do computador. Parece frio, distante demais, sem a emoção de tê-las nas nossas próprias mãos, sem a emoção de vê-las e revê-las quantas vezes quisermos.
Emoção que contagiava a todos nos velhos tempos do retrato. Tempo em que se fazia pose mesmo. Todos se alinhavam diante do fotógrafo para “tirar retrato”, um momento solene. E somente dias depois, víamos o resultado das “revelações”.
Vêm, então, à minha memoria cenas de momentos felizes. Ah minha memória afetiva ! Era uma menininha ainda, tinha apenas uns onze anos, quando caminhando com meus pais pela Praça da República, em São Paulo, eu observava com olhos curiosos “os tiradores de retrato” com uma máquina posta em tripé, num cenário de uma pequena ponte, rodeada de verdes arbustos, à espera de um anônimo qualquer que quisesse registrar aquele momento.
Também me lembro de umas fotos, que muito me encantaram, criança ainda, em que aparece meu pai, muito jovem, todo elegante num terno cinza, em que o “retratista” registrou seus passos largos nas calçadas ali próximas dos Correios, na Avenida São João, uma das mais belas avenidas de São Paulo, na década dos anos cinquenta.
Eram cenas do cotidiano. Cenas fotografadas e em seguida reveladas( hoje dizemos impressas) e coladas em álbum, como registro daquele momento mágico de um passado que certamente deixa saudade, uma saudade dolorida dos tempos que inexoravelmente não voltam mais.
As fotos e os retratos são registros de momentos muito fugazes que as câmeras materializam em imagens, perpetuadas através do tempo.
E elas na verdade documentam as nossas histórias de vida, de protagonistas que fomos a meros coadjuvantes hoje. Sim, ontem fomos os protagonistas mostrados em primeiro plano, e conforme os anos passam, pouco a pouco, ocupamos os lugares de coadjuvantes, já num segundo plano. Em cena, protagonistas e coadjuvantes compartilhamos todos de uma mesma trama, a Vida.
Às fotos (e retratos) colhidas no tempo, juntamos nossos pensamentos e emoções, e sem querer estes movimentos nos conduzem a refletir a respeito da vida, numa soma afetiva de acertos e erros, de perdas e ganhos, de amores e desamores, de encontros e desencontros. E assim os retratos hoje são uma preciosidade que guardamos em álbuns cheios de lembranças.
Entretanto, não nos esqueçamos, que de repente a tecnologia veio revolucionar o nosso dia-a-dia e mudar o nosso mundo. Hoje, os avanços acontecem surpreendentes e é com muito esforço e resiliência que temos que nos adequar às novas exigências desta era digital, que a todo momento se renova com grandes conquistas e descobrimentos numa busca louca de oferecer à humanidade novos confortos e prazeres.
Wilma M. Coronado Antunes
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