Do que será que é feito o mundo? Há milhares de respostas para isso, alguns dirão que é a maldade, outros o bem. Entretanto, sei que o mundo –aqui digo o mundo no sentido das nossas relações e convivências, com os outros e com a natureza – é feito de humanidade.
E o que é humanidade? Humanidade é aquilo que nos torna seres humanos, mais especificamente, aquilo que nos caracteriza como pessoas capazes de raciocinar o mundo a sua volta e transformá-lo. E humanidade é muito mais que nosso encéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, humanidade é sentir o outro.
Falo aqui sobre humanidade, porque cada dia que passa nos tornamos menos humanos, tendemos a banalizar a maldade, como diz nossa amiga Hannah Arendt. Tendemos a ignorar os fatos ruins e viver dentro de nossas limitadas referências, e claramente, não conseguimos dar conta de tudo o que ocorre no mundo. Nas mais de 7 bilhões de vida que respiram nesse planeta, há bilhões de ações boas e cruéis, mas mesmo nesse mar de caos podemos sentir o outro, e isso é a diferença que nos caracteriza.
Não estou falando para você ser aquela pessoa que defende causas apenas virtualmente, ou que se acha superior só porque sua ideologia é a mais “certa”. Eu estou falando para você entender o outro em suas ações, das mais cruéis as mais certas. Nosso cérebro é capaz de fazer inúmeras ligações sinápticas, neurônios vem e vão, nossas células morrem, e no meio dessa teia de ligações químicas, estão as circunstâncias físicas e sociais. O ser humano é um imbricado de múltiplas coisas, não é uma equação com raiz absoluta e portanto, suas ações carecem de compreensão. Essa compreensão nós chamamos de empatia.
Empatia vem do grego EMPATHEIA, em que “EM” é “em”, mais “PATHOS” que é paixão ou sentimento, desse modo, empatia é estar “dentro” do sentimento de alguém. Assim sendo, empatia é a capacidade de nos colocarmos na pele do outro, de sentir seus sentimentos, angústias e medos. E a maioria dos problemas que enfrentamos hoje parte daí, da nossa incapacidade de estar dentro do sentimento de alguém.
Empatia e humanidade andam juntos. E porque estou falando disso? O Brasil passa por uma série de turbulências em um curto espaço de tempo. O acidente da Barragem de Brumandinho em Minas Gerais e recentemente o tiroteio na escola Raul Brasil em Suzano-SP, onde dois jovens por um série de circunstâncias decidiram que a vida já não valia a pena.
Desses desastres fico sempre me indagando sobre onde estávamos. Nós, seres humanos capazes de sentir o outro, onde estávamos quando vimos que esses rapazes não estavam bem? Onde nós estávamos quando um empresário achou melhor manter uma barragem perigosa? Onde estávamos quando o outro precisava ou errou?
Onde estamos hoje? Não sei. Sei que nos contentamos com pouco. Nos contentamos em assinar um petição online, nos contentamos em apenas doar dinheiro a uma instituição de caridade. Nos contentamos com o mínimo da empatia. E o que vejo é que precisamos ir um pouco mais.
É necessário irmos além das nossas medíocres limitações. Abrace, ouça, chore, ajude, junte pessoas em torno de uma causa. Não esfrie a sua humanidade, não deixe que a tela de um celular ou computador limite seus relacionamentos. Experimente ver a dor do outro, a alegria do outro. Só assim, pararemos de acreditar em fake news e teorias da conspiração e acreditar mais na nossa potência de sermos humanos.
Eduardo Matheus
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