Dia Internacional da Mulher, por Wilma Coronado Antunes
Abordando as Coisas da Vida.
Wilma M.Coronado Antunes
Somos de uma geração dos meados do século vinte. Enfrentamos as mais complexas mudanças no decorrer de todos esses anos e sobrevivemos. Época difícil, sem sombra de dúvidas. Mudanças que impactaram não apenas ao mundo todo, mas especialmente a mim mesmo e a todos meus contemporâneos.
Fui sobrevivente de uma época em que as famílias eram constituídas de muitos membros e todos se engajavam nos seus encargos e funções. No caso de minha família, todos os homens eram privilegiados nas suas escolhas e saíam de casa muito jovens ainda para estudar. Nós, mulheres (somos três), como costume daquele tempo, escolhíamos na nossa própria cidade os caminhos do estudo. Éramos focadas em estudar e eu, propriamente, tive a oportunidade de ingressar no curso de Letras- línguas germânicas, na Unesp, que estava sendo instalada em Assis. Coincidentemente deu certo porque sempre gostei muito de línguas.
Era alta e magra, muito ágil, e sempre me convidavam para participar de algum time. Mas rejeitava convites, pois mulher teria, na visão de minha mãe, que se concentrar nos estudos e acrescentou-se para mim o estudo de piano que até hoje reluto em não esquecer as partituras a que tanto me dediquei na minha juventude.
Felizmente me identifiquei com a profissão que me foi oferecida. Fui professora num momento feliz. Éramos respeitadas e na sala de aula “esquecia da vida”. Afinal, como afirma Marcos Piangers, jornalista que admiro e o acompanho no You tube, “ a vida é longa” e pude trabalhar muito, mesmo depois de aposentada ocupando cargos públicos em prefeituras que me permitiram progredir profissionalmente e me acrescentar valores até então distantes para mim, valores de mais amor ao próximo, se juntar ao povo simples e a seus anseios e necessidades, e buscar formas de melhorias de qualidade de vida para aqueles desprovidos de oportunidades.
Mas deixemos de lado lembranças, que fazem parte de um passado honroso, graças a muitas mulheres de tempos atrás que enfrentaram barreiras de toda espécie, ultrapassaram os limites das estruturas machistas e criaram condições para que hoje, neste novo século, encontremos mulheres em novas posturas em busca corajosa de adaptar-se às mudanças e sentir a liberdade de novas escolhas e oportunidades.
E hoje, dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, compreendemos o quanto são merecidas de todas as homenagens e aproveito este momento para cumprimentarmos a todas com carinho e solidariedade. Afinal me sinto incluída nestas milhares de brasileiras, nas quais incluo também minhas três filhas, que são hoje atuantes como mães e profissionais competentes e dignas que muito me orgulham.
E neste Dia Internacional da Mulher é hora de pensarmos em quanto nossos direitos evoluíram: o direito de escolher os caminhos do estudo e trabalho, o direito de engravidar, o direito ao voto, o direito de ser livre, o direito de reconhecer sua importância em um país que insiste em não reconhecer seus valores. Altas taxas de violência contra a mulher nos surpreendem todo dia e temos que nos unir para cobrar políticas públicas que ainda são insuficientes considerando o alto número de estupros, assédios sexuais, feminicídios e agressões, de que são vítimas.
Também ainda nos surpreende a desigualdade de salários entre homens e mulheres num mundo competitivo cujo centro está ainda no masculino, lembrando que a jornada de trabalho da mulher, por causa dos afazeres domésticos, é ainda maior do que a dos homens.
Bem, são tantos os problemas que afligem as mulheres que é importante dizer que nós, mulheres, convivemos com avanços e recuos, com progressos e atrasos, entretanto é hora sempre de lutar e avançar, na busca da cultura, no respeito às diferenças e com forças vigorosas de trabalho e resiliência que passo a passo haverão de crescer e se fortalecer.
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