Com plenário praticamente vazio, o réu Danilo dos Santos Costa, 30 anos, está sendo julgado no Fórum da Comarca de Assis. Foi provado nos autos do processo que na madrugada do dia 22 de janeiro de 2017 ele ateou fogo em uma casa na Rua Cardoso de Melo, Vila Glória, onde morava com sua mulher, Franciane Andrade Soares de Paula, de 23 anos, a sogra Adriana Fiuza de Andrade e quatro filhos pequenos.

A filha mais nova do casal, Maria Eduarda Andrade dos Santos, de um ano e meio, morreu em meio às labaredas e seu corpo foi encontrado embaixo de uma cama, sob escombros, ao amanhecer. Franciane chegou a ser levada para o Hospital Estadual de Bauru (SP), mas devido à gravidade das queimaduras em 90% de seu corpo, morreu no dia seguinte.

A sogra do réu teve queimaduras, porém, de natureza leve. Os outros três filhos de Danilo e Franciane, de 8, 6 e 2 anos, conseguiram sair da casa depois que dois vizinhos arrombaram a porta.

Durante o julgamento, e também na fase de inquérito policial, testemunhas disseram à polícia que quando o fogo começou o morador já estava do lado de fora – sentado na calçada, e a porta estava trancada com cadeado pelo lado externo, o que acabou dificultando a saída família.

Em sua explanação, o promotor de justiça Lucas Travain dirigiu-se ao corpo de sentença, formado por quatro homens e três mulheres, e, com laudos periciais em mãos, e de posse dos depoimentos de testemunhas, provou que a casa estava trancada por fora, com cadeado, e o réu assistia a tudo sem nenhuma reação, e não arrombou ou estourou a porta para que saíssem os que dentro da casa se encontravam. Quando vizinhos e policiais pediam a chave a ele, teria respondido “não quero saber desse povo”.

Logo após o crime Danilo dos Santos Costa foi preso na penitenciária de Assis, indiciado por homicídio duplamente qualificado, por usar de meio cruel e impossibilitar defesa das vítimas. Ele também responde por tentativa de homicídio da sogra e dos três outros filhos.

Foi apurado que antes do trágico desfecho o casal tinha ido a um bar para beber, local onde a mãe de Franciane já estava. A senhora teria ido embora horas depois, e o casal permaneceu até por volta das 4 ou 5 horas. Quando retornaram, houve discussão acirrada entre os três, momento em que uma vizinha ouviu Danilo gritar que atearia fogo na casa, sem acreditar, contudo, que a promessa seria cumprida.

O julgamento é presidido pelo juiz Thiago Baldani. Na defesa está o advogado João Carlos Merlim.

Abordagem Notícias acompanha o desfecho do júri. 

Estado de um dos quartos, onde se vê a boneca de uma das crianças.

O réu Danilo nega o crime.

 

Reportagem e fotos Abordagem Notícias