Tânia, o marido e a filha, considerada pelo casal como "um presente de Deus".

O início de setembro costuma ser de lembranças dolorosas para a assisense Tânia Regina de Oliveira. Neste atual, faz exatos seis anos da morte de seu bebê, recém-nascido, que deu origem ao projeto “Meu Anjo Daniel”, que presta assistência às gestantes carentes e seus filhos.

O projeto foi criado depois que Tânia e o marido perderam o filho Daniel, pelo que consideram erro médico. Na ocasião, a mulher precisou buscar algo que amenizasse sua dor. Para tanto, resolveu que ajudaria mães carentes, desde a gestação até o nascimento dos filhos. Hoje o projeto já tem projeção nacional e, cada vez mais, pessoas auxiliadas. São famílias inteiras que encontram apoio de várias formas, seja com a doação de alimentos, seja com cursos profissionalizantes que resultam em renda familiar.

Tânia relembra, com tristeza, a perda de seu bebê, que segundo acredita, teria sobrevivido se a recomendação médica de uma cesariana tivesse sido cumprida na data certa. A gestante teve uma gravidez de risco e recebeu acompanhamento no Hospital Regional de Assis. Conforme afirma, até o último momento foi forçado o parto normal, a qual não poderia ter sido submetida, já que havia um quadro de hipertensão e diabete gestacional. Quando finalmente foi feita a cesárea, era tarde demais.

“Há exatamente seis anos, às 11 horas, dei entrada no hospital, em trabalho de parto. Parto esse, tardio, pois já estava com mais de 42 semana de gestação. Foram horas intermináveis de angústia e medo, pois eu sabia, dentro do meu coração, que não iria terminar bem. Ele (bebê) foi tirado às pressas, e, 30 horas depois, no dia seguinte (03 de setembro), mas já era muito tarde. Ele havia engolido o resto do líquido amniótico e aspirado boa parte do mecômio. Meu filho morreu exatamente às 4h35 da madrugada do dia 04/09/18. Raiva, ódio, das pessoas que me causaram essa dor, eu não tenho. Sinto pena, pois se um ser humano estuda tanto, faz um juramento; enfim, tem todo glamour que a profissão oferece, e tem o privilégio de poder salvar vidas, mas de repente se corrompe pelo sistema, entra na rotina e passa a ver a vida das mulheres e seus bebês como apenas mais um ao mundo, e perde o exercício da compaixão e banaliza tudo, e passa a causar medo e dor, eu sinceramente só posso ter pena.

No meu ponto de vista, são infelizes, não estão satisfeitos com seus empregos. Já o perdão, não sou capaz de dar, pois naquele dia tão triste para mim, morri! Aquela Tânia morreu junto com seu pequeno Daniel. No lugar nasceu outra mulher, uma pessoa que o Daniel moldou na falta que fez a cada dia, e, até acredito eu, no dia que ele resolveu pedir a Deus e me enviaram a minha princesa Anna Sophia, para transformar os meus dias de trevas em dias de luz. Eu tive um suporte muito bom através dos meus dois filhos mais velhos, o Isaque e o Hicauan, meu marido Jeferson Bahis, e muitas outras pessoas que passaram a me dar suporte e a me orientar nessa nova vida”, relata entre lágrimas.

Foi por causa de tanta dor que nasceu o projeto Meu Anjo Daniel. Já são quase seis anos de trabalho, dedicação, preocupações, planos e sonhos a serem realizados, metas a serem atingidas.

Já são quase 100 mil peças de roupas de bebês entregues em forma de kit maternidade, além de móveis e outras coisas, como mais de 300 berços e 200 carrinhos.

Foram mais de 1 tonelada de alimentos de todos os tipos, doados às mães cadastradas no projeto.

Houve cinco festas, totalmente de graça, às crianças e suas famílias, num total aproximado de 15 mil pessoas participantes.

Há o registro de mais de 10 mil reais gastos em medicamentos e leites às crianças com necessidades especiais, em suas dietas.

O Projeto conta com um brechó. Mais de 30 mil peças de roupas foram recebidas para serem comercializadas. É através desse comércio que o Meu Anjo Daniel mantém a alimentação das famílias cadastradas e gastos extras na sede.

Já são duas turmas que se formaram em maquiagem e sobrancelha designe, manicure e pedicure.

Há duas turmas de artesanatos, ainda em aulas

“Para esse 18  de setembro, teremos o cadastro de uma turma que poderá aprender aulas de etiqueta. Temos ainda aulas de leitura para as crianças, todas as terças-feiras. Mas para mim ainda é pouco, pois tenho planos de ter em nossa sede do Projeto Meu Anjo Daniel, uma biblioteca uma brinquedoteca, salas de psicologia, assistência social, um consultório odontológico e um para pediatria, mas tudo claro com profissionais de cada área, atendendo em dias especiais. Para isso, vou ter que derrubar minha casa onde está abrigado o projeto e fazer um prédio de três andares para acomodar todos.

Deus me recompensou. Ele já antes do Daniel, tinha me dado dois filhos maravilhosos, dedicados e amáveis, responsáveis e estudiosos. Me deu um marido mais jovem que eu, e muito bom. E de prêmio maior, me mandou uma filha linda e carinhosa, que é tudo para todos da casa. Tudo isso por que fui escolhida para ser mãe do Daniel.

Quando estava grávida, me perguntava se ele seria um advogado, médico ou cientista, ou um policial; mas ele se tornou protetor de mais de 760 mães e seus filhos, que de alguma forma já precisaram do projeto Meu Anjo Daniel.

Esse é o meu filho Daniel, e eu sou avó, e até mesmo mãe, de mais de 600 bebês que já nasceram no projeto. É um total de 3.040 crianças que o projeto já deu assistência social até hoje. Essa é uma pequena parte da história do meu filho Daniel que está sendo escrita a cada dia através das ações de nossa família, de vizinhos, amigos, mantenedores, doadores, voluntários. Esse é o Projeto Meu Anjo Daniel!”, relata Tânia.

O Projeto Meu Anjo Daniel tem sede na rua Nivaldo Neres Gusmão, 776, Vila Prudenciana, em Assis-SP.

O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 13h às 16h.

O Brechó Projeto Meu Anjo Daniel funciona de segunda a sábado das 11 às 18h.

Facebook Tânia Jeferson

Página Projeto Meu Anjo Daniel

Grupo Projeto Meu Anjo Daniel - Rrua Barão da Passagem 140, Vila São Benedito.

Contato (18) 99651-6090