Em uma ação conjunta com o Ministério Público de Assis, a Polícia Civil instaurou nesta segunda-feira, 25 de junho, inquérito policial para apurar possíveis irregularidades praticadas pelo Departamento Municipal de Trânsito de Assis e por um despachante da cidade.

Foram emitidos e cumpridos seis mandados de busca e apreensão, tanto no Departamento de Trânsito, quanto no escritório do despachante averiguado. Os outros quatro mandados tinham como endereço residências de pessoas citadas nas denúncias, conforme informou em uma coletiva, no início desta noite, o delegado Marcel Ito Okuma.

As diligências foram feitas também pelos outros delegados da DIG/DISE de Assis, Marcelo Armstrong Nunes e Ricardo Antônio Nascimento, juntamente com equipe de investigadores.

Foram apreendidos computadores, documentos, dinheiro, e duas armas pertencentes ao despachantes, que verificadas, estavam devidamente legalizadas. Uma delas, do tipo espingarda antiga, não funciona e é mantida pelo averiguado como relíquia que pertencia a seu avô.

O delegado Okuma informou à imprensa que já a algum tempo vários motoristas de Assis reclamam que não merecem as multas recebidas. Muitos relatam abusos na aplicação.

“Inúmeras pessoas não reconhecem as infrações, no que chamam Assis de indústria de multas. Estamos averiguando se, eventualmente, agentes de trânsito estariam lucrando por multa aplicada, mas tudo isso vai passar por análise e apurações. Só assim saberemos se os fatos investigados são realmente verdadeiros, ou não”, relata o delegado.

Cada multa e recurso apresentado serão analisados pela Polícia Civil. Tudo ficará apreendido pelo tempo necessário à análise, e, pela farta documentação apreendida, certamente haverá um trabalho árduo e demorado. No momento não haverá cancelamento das multas, o que também, caso seja devido, não será feito pela políciam, que cuida estritamente da parte criminal.

“Dependendo do que for comprovado, pode haver vários crimes, mas não tem como nos posicionarmos agora, sem a análise da documentação e oitivas de testemunhas, que serão, inclusive, alguns autuados que identificarmos”, relata.

Sobre o que foi argumentado pelo principal investigado, que é chefe do Departamento de Trânsito de Assis, o delegado revelou que ele garantiu ter havido legalidade na aplicação das multas. “O investigado falou que o aumento foi em decorrência de Assis estar em 58º no ranking de violência no trânsito, e, por isso, ter havido maior rigor na aplicação de multas”, revela Okuma.

As denúncias, se comprovadas, podem resultar em crimes como formação de quadrilha, aferição de vantagem ilícita, corrupção ativa, passiva, associação criminosa, e todos os eventuais crimes analisados em conjunto com a documentação apreendida e oitiva de testemunhas.

Segundo apurado até agora, houve um aumento desproporcional de multas no município de Assis.

“Numa citação de exemplo: o agente aplicava uma média de 20 multas por mês. Esse número passou para mais de 300”, relata a autoridade policial.

A fase atual do caso é de, inquérito, por parte da polícia Civil; procedimentos, pelo Ministério Público; abertura de sindicância pela Prefeitura; formação de uma comissão de investigação, pela Câmara Municipal.

 

 

Redação e fotos Abordagem Notícias.