PM entra no Centro Paula Souza e negocia desocupação de estudantes
Alunos reivindicam merenda e criticam cortes nos repasses da educação.
A Polícia Militar entrou no Centro Paula Souza, na região da Luz, no Centro de São Paulo, no final da manhã desta segunda-feira (2) e negocia a saída dos estudantes que ocupam o local desde a tarde de quinta-feira (28). Os policiais entraram no local para garantir a entrada de funcionários no prédio. As ruas no entorno do edifício estão bloqueadas.
Os estudantes de escolas da rede estadual de ensino de São Paulo e de Etecs (Escolas Técnicas) ocuparam o Centro Paula Souza para protestar contra os esquemas de desvios de verba para a compra da merenda escolar, os problemas com merendas nas Etecs e Fatecs e os cortes nos repasses para a educação.
Os estudantes afirmam que a ocupação continua e que a polícia entrou ilegalmente no edifício. Já a PM anunciou que a ocupação pode continuar e que o objetivo é garantir a entrada dos funcionários no prédio.
Quando os policiais chegaram ao local, foram recebidos com palavras de ordem como: "sem violência" e "prisão para quem roubou merenda".
O Secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, esteve no local acompanhado pela diretora-superintendente da instituição, Laura Laganá. Os dois conversavam com a PM em um galpão, ao lado da instituição.
O Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI). A sede invadida pelos estudantes reúne a administração central do Centro Paula Souza, a Etec Santa Ifigênia e o Centro de Capacitação.
Reintegração de posse
A Justiça determinou a reintegração de posse do local, que está ocupado desde a tarde de quinta-feira (28). Por causa da ocupação, os portões da Etec Santa Ifigênia estão trancados com cadeados e os alunos não tiveram aula.
Além do Centro Paula Souza, a Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, na Zona Oeste, também está ocupada. A escola foi uma das primeiras a ser ocupada durante um protesto de estudantes contra a reorganização escolar proposto pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), entre novembro e dezembro de 2015 e janeiro de 2016.
Estudantes que ocuparam a Fernão Dias dizem que a Secretaria da Educação descumpriu ordem da Justiça de suspensão da reorganização escolar em 2015 e fechou salas de aula em algumas escolas.
Apoio de professores
Na sexta-feira (29), os professores da rede estadual fizeram uma manifestação em São Paulo. A categoria partiu em caminhada da Avenida Paulista rumo ao Centro Paula Souza. Os alunos que ocupam o local apoiam as reivindicações dos professores. Eles receberam os docentes com palavras de apoio e cantaram gritos de guerra, como "Pela educação, professor fazendo greve e estudante ocupação".
Antes do protesto, a categoria realizou uma assembleia e optou por voltar a negociar reajuste salarial com a Secretaria da Educação antes de decretar a greve.
Nota
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação repudiou a ocupação das duas escolas e disse que o ato representa um desrespeito ao bom senso e prejudica estudantes, professores e funcionários. O texto ainda informa que 95% das Etecs e 100% das escolas estaduais oferecem alimentação de graça. A Secretaria afirma também que não há qualquer processo de reorganização sendo executado e que nenhuma escola foi fechada e desativada.
Também por meio de nota, o Centro Paula Souza disse que, a partir desta semana, todas as Etecs vão oferecer merenda aos alunos.
Na semana passada, o Centro Paula Souza disse em nota que "investiu, apenas nos últimos dois anos, mais de R$ 250 milhões na ampliação e melhoria estrutural na sua rede de educação profissional. As melhorias incluem obras para o armazenamento e preparo da merenda". "O Centro Paula Souza segue trabalhando para solucionar questões pontuais com a readequação da estrutura disponível em algumas unidades e a negociação com as prefeituras e a Secretaria da Educação, responsável pelo orçamento, compra e distribuição de alimentos".
Pauta dos estudantes
O ato foi convocado pelas redes sociais. Na página do evento no Facebook, o texto diz que as escolas sofrem não apenas com falta de merenda, situação provocada "graças aos desvios da verba pública, além do fechamento silencioso de ciclos, turnos e salas".
Em investigação, o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil descobriram fraudes na licitação da compra da merenda escolar. Algumas escolas estão inclusive sem merenda, segundo os alunos.
Também por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado diz ser "vítima" da Operação Alba Branca, que investiga o esquema de fraude na merenda escolar do estado, e alega estar "colaborando com as investigações iniciadas pelo próprio governo do estado com a Polícia Civil, Corregedoria Geral da Administração e Ministério Público."
Quanto à redução nos repasses, a pasta afirma que "apesar da grave situação econômica do país, São Paulo conseguiu manter a política de bônus com pagamento de R$ 450 milhões a 223,8 mil servidores."
Fonte G-1 São Pauo
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