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OSSIRES MAIA
POLÍCIA • 21/10/2024 às 01:38

Família se revolta com soltura de homem que desfigurou e cegou prima, a marteladas

O sentenciado estava preso desde 2011 e passa por um período de avaliação.

Família se revolta com soltura de homem que desfigurou e cegou prima, a marteladas

(Foto de Valéria quando se restabelecia das agressões sofridas)

No dia 28 de setembro de 2011, um crime chocou a população de Assis e teve repercussão nacional. Um homem, diagnosticado com distúrbio mental específico - mas que segundo apurado à época, teria agido de forma premeditada, atacou a própria prima com golpes de martelo em toda a cabeça, deixando-a à beira da morte, e, irreversivelmente cega. 

A vítima é Valéria Aparecida Franceschini, que quando atacada tinha 28 anos. O autor é o sentenciado Sidnei Donizete de Souza, naquela ocasião, com 30 anos.

Ele foi julgado e condenado, no entanto, segundo relato de Jéssica Franceschini, que é irmã de Valéria, foi solto recentemente, e, para desespero da família, pode assim permanecer.

Em um desabafo ela conta que o primo deixou o presídio antes mesmo de cumprir seis anos da pena. Segundo a família de Valéria entende, Donizete não pode viver em sociedade e representa perigo à vítima, que além de nunca mais poder enxergar, se sente ainda mais vulnerável sabendo que seu agressor está fora das grades.

“Esse homem deu mais de 44 marteladas no rosto da minha irmã, que é prima dele! Agora a justiça o solta para ver se ele está em condições para permanecer solto! Está livre para agredir a próxima vítima, num país onde a vítima fica presa e o agressor solto!”, desabafa.

Jéssica, que tem a mesma opinião que seus familiares, mostra grande indignação com a decisão judicial. “Só nós sabemos o que passamos neste tempo todo, onde ele (Donizete) destruiu sonhos, destruiu uma vida! Deixou uma pessoa com a face destruída e sem visão. Deixou alguém sem os olhos! Aí a justiça ainda é capaz de deixar um louco desse solto pra ver a sua adaptação. Que Brasil é esse, que justiça é essa. E se fosse você no nosso lugar, se fosse sua filha sua irmã?.

Sobre quem sente pena do condenado, Jéssica dispara mais um desabafo: “Eu tenho dó da minha irmã que este mês faz seis anos que está sem visão nos dois olhos, que tem dores todos os dias na face, que em um dos olhos que restou não para de sair secreção, todos os dias Dó dela, que tem várias cirurgias ainda para fazer, que se mantém forte, mas com um trauma que nada apaga. Dó da minha irmã que passa por isso, que teve mutilação facial, afundamento do osso frontal, fratura naso etmoidal, arrancamento parcial do nariz - com perda total dos ossos próprios de nariz e anexos, fratura do processo palatino da maxila, perda óssea dos maxilares superiores, fratura de órbita em blow-out bilateral, laceração e perda de substancia da região frontal, laceração das pálpebras superiores, laceração de lábio superior e trauma ocular grave. É disso que eu tenho dó!
Agora, de um louco que foi solto para ver como se comporta, eu não tenho pena nenhuma, eu tenho é desprezo e nojo ! E quanto a quem defende bandido, quem tem pena dele, que fique com ele.

Por que ele destruiu uma vida, e essa vida não foi a sua, foi a da minha irmã! Então, que esse monstro volte pra cadeia, do lugar onde ele não devia ter saído! E que esse mostro, se ficar solto, fique preso em sua própria residência junto com quem quer que ele fique solto!”, finaliza.

Valéria postou nesta segunda-feira, 11, em seu facebook: “Nem sei qual meu sentimento nesse momento, me passa tantas coisas pela cabeça, vontade de fugir pra algum lugar bem longe aonde ele não me encontre, ou ficar escondida em meu guarda-roupa igual fazia quando era pequena e tinha medo de algo...Senhor me dê força pq sozinha eu não consigo!”.

Valéria antes das agressões.

Valéria hoje.

 

O CRIME

O crime contra Valéria ocorreu na tarde do dia 28 de setembro de 2011, na casa dela, localizada na rua Emílio de Menezes, Vila Xavier, em Assis.

O homem morava em Florínea e telefonou à mãe da vítima, que é sua tia, pedindo para vir dormir na casa dela. Sem imaginar que estava preste a presenciar uma tragédia contra sua própria filha, ela concordou em hospedar o sobrinho, que almoçou em sua casa e não demonstrou sinal algum do que faria pouco depois.
A mulher se ausentou, deixando o sobrinho na casa. Pouco tempo depois, ao retornar, o flagrou debruçado sobre Valéria, martelando-a sem parar, tirando-lhe a consciência e deixando sua cabeça e rosto com ferimentos bastante graves, tanto assim que ela permaneceu em coma no Hospital Regional de Assis, passou por cirurgias e teve o rosto reconstituído por titânio.

Logo após o crime, Donizete foi preso em flagrante e levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A delegada Sueli Borba Garcia foi quem atendeu a ocorrência e, na ocasião, disse que o autor aparentava ter problema mental e pronunciava palavras desconexas quando questionado sobre o porquê da tentativa de homicídio.

Surgiu a história de que Valéria teria matado o cachorro dele, e que estaria se vingando. Também, que era apaixonado por ela, que não correspondia e estaria namorando, deixando-o transtornado.

A delegada disse, em entrevista no fatídico dia, que Donizete veio de Florínea para Assis já com o intuito de agredir a mulher, tanto que trouxe consigo o martelo.

O homem recebeu voz de prisão e foi preso, inicialmente em Lutécia, acusado de tentativa de homicídio qualificado. Depois do julgamento, foi removido para o presídio de Franco da Rocha.

Até hoje, Valéria Franceschine, completamente cega e traumatizada com tudo o que passou, não conseguiu a aposentadoria. Quando atacada pelo primo ela trabalhava na empresa Malta.

Agora, recebe um auxílio, que segundo uma parente relata, é 70% do que receberia caso tivesse sido aposentada por invalidez. Ainda assim, é obrigada a comparecer anualmente às perícias feitas pelo INSS.

 

JUSTIFICATIVA PARA A SOLTURA

Em um jornalismo pautado pela imparcialidade, ética e responsabilidade, Abordagem Notícias não poderia deixar de procurar o defensor de Donizete.

À época, o criminalista Alexandre Valverde foi nomeado para o caso e atuou na defesa do autor da tentativa de homicídio.

No entanto, quando um advogado é nomeado para defender alguém em um processo crime, essa nomeação não abrange a execução, segue até a apelação. Após isso, via de regra, um outro defensor, normalmente atuante na comarca para onde é direcionada a execução, é nomeado.

Assim, a reportagem vai apurar, ainda hoje, o andamento da respectiva execução criminal, ou seja, o que que fundamentou a decisão do juiz da Vara de Execução Criminal respectiva, que certamente foi feita com embasamento em avaliações psiquiátricas. Tão logo haja uma resposta, será publicada neste portal de notícias. 

 

Reportagem Abordagem Notícias

Fotos cedidas pela família de Valéria.




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