Advogado Caisê Pinheiro se recusa a defender o assassino de Mateus
Para o criminalista seria importante nomear alguém fora de Assis.
Caisê Pinheiro junto ao pai, também advogado criminalista, Carlos Pinheiro.
Carlos Henrique Afonso Pinheiro, advogado criminalista assisense mais conhecido por Caisê Pineiro, inicialmente vinculado à defesa de Luís Fernando Sillas de Almeida, autor confesso do assassinato do menino Mateus Bernardo Valim de Oliveira, de 10 anos, falou com exclusividade ao portal Abordagem Notícias. Ele detalhou as circunstâncias de sua nomeação e os motivos de sua renúncia ao caso, que ainda não foi formalizada à Defensoria Pública, pelo recesso do Fórum da Comarca de Assis.
Caisê explicou que, ao ser nomeado para o ato processual da audiência de custódia, estava em viagem com a família - mulher e dois filhos de 11 e 14 anos de idade, todos extremamente abalados com as notícias do crime. Ele afirmou que o convênio com a Defensoria Pública exige que o advogado nomeado aceite qualquer tipo de causa, mas que não vai conseguir defender Sillas de Almeida.
“Minha profissão exige que eu faça uma defesa técnica, independentemente da culpa do acusado, mas esse caso ultrapassa qualquer limite psicológico e moral. Tenho filhos e não consigo me colocar nesse papel. Esse crime envolve uma criança, com requintes de crueldade, e fere completamente meus princípios”, declarou.
Carlos Henrique destacou que o caso exige um defensor público concursado, capaz de atuar com distanciamento emocional, o que ele, como pai, não consegue.
“Nunca, em 25 anos de carreira, me deparei com algo tão perturbador. Mesmo que fosse um caso particular, com honorários elevados, eu jamais aceitaria; por dinheiro algum. Esse crime trouxe repercussões sociais imensas e, além de tudo, fere minha humanidade.”
Mateus tinha 10 anos e confiava no vizinho que ceifou a sua vida (foto divulgação)
Para cumprir o ato processual inicial, Caisê subestabeleceu a audiência de custódia aos advogados Júlio Ferreira da Silva e Jimmy Steenmeijer, que estavam em seu escritório no momento em que foi comunicado, pelo Fórum, de que fora nomeado. “Eu estava fora, em viagem, e cheguei em Assis na quinta-feira à noite. Na quarta, foi realizada a audiência de custódia, para a qual os advogados Júlio e Jimmy foram designados. Eu assinei eletronicamente a nomeação deles, como permite o convênio”, esclareceu.
O criminalista destacou que, de acordo com as regras do convênio, o advogado que realiza o primeiro ato do processo fica automaticamente vinculado ao caso. Contudo, como ainda não há denúncia formalizada, ele planeja pedir a renúncia quando for intimado para o próximo ato.
“Vou justificar os motivos da renúncia no sistema da Defensoria, em uma área restrita aos advogados nomeados. A justificativa será analisada, mas, mesmo que não aceitem, não continuarei. Esse caso mexeu demais comigo e com minha família.”
O Caso Mateus
O desaparecimento de Mateus Bernardo no dia 11 de dezembro comoveu a cidade de Assis. Ele saiu de casa para andar de bicicleta e foi atraído por Luís Fernando, seu vizinho, para uma área de mata próxima ao Assis Tênis Clube. Segundo a investigação, após um possível desentendimento – possivelmente uma tentativa de abuso sexual –, Luís Fernando confessou ao delegado do caso que golpeou a criança na cabeça com uma pedra.
Posteriormente, ele retornou ao local, desmembrou o corpo e descartou partes em diferentes pontos. Apenas o tronco de Mateus foi encontrado e sepultado, enquanto outras partes permanecem desaparecidas.
A investigação, conduzida pelo delegado Thiago Bergamo, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Assis, utilizou imagens de câmeras de segurança que registraram os movimentos de Luís Fernando no dia do crime e em visitas posteriores ao local.
Sillas Almeida confessou o crime durante interrogatório e indicou o local onde descartou parte do corpo de Mateus. Atualmente, ele está preso em um presídio de segurança máxima em Presidente Venceslau.
O delegado descartou a participação de terceiros no crime e afirmou que as investigações seguem sob sigilo judicial. A comunidade, revoltada com a brutalidade do caso, tentou depredar a residência do autor após sua prisão.
A tragédia, que abalou profundamente a cidade de Assis, permanece como um marco de horror e crueldade, deixando a comunidade em luto e indignada.
Fonte: Redação
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