Estimativas do Instituto Combustível Legal (ICL) mostram que pelo menos R$ 30 bilhões são desviados por ano do setor com a sonegação de impostos e fraudes operacionais, como a adulteração nas bombas de combustíveis, por exemplo. Parte desse prejuízo ocorre pela atuação de organizações criminosas. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, Emerson Kapaz, presidente do ICL, ressalta a necessidade urgente de combater o avanço de facções e da milícia no setor de combustíveis.

“Hoje, é impressionante o quanto mudou de patamar a concorrência desleal. Tanto que é uma luta que levei para o Conselhão [Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, destinado a debater agendas e temas de interesse da sociedade], do qual faço parte: lutar contra a sonegação de impostos. Isso está pegando todos os setores, mas em combustível ramifica muito em cima do crime organizado. E o que o crime viu? Uma fonte de renda na sonegação”, alertou, ressaltando a importância de aprovar a monofasia no etanol, cuja sonegação aumentou depois que a monofasia no diesel e na gasolina foi regulamentada.

De acordo com Kapaz, a vantagem que o crime organizado tem é agir nas sombras, ocupando espaços e se aproveitando de um mercado com várias possibilidades de atuação, seja na distribuição, formulação ou transporte. Além da sonegação de tributos, os bandidos também agem cometendo fraudes e adulteração de combustíveis.

“Minha grande preocupação hoje é que não podemos nos transformar em um país em que o poder do crime organizado vire um Estado paralelo. O grande risco do crescimento é termos um poder paralelo muito grande e forte, e que possa ser maior que o Estado”, alertou.