Vaticano condena e afasta padres assisenses acusados de abuso sexual
Carta emitida pelo Tribunal Interdiocesano de Botucatu aponta a demissão do estado clerical.
Nesta quinta-feira, 21 de março, o portal Abordagem Notícias foi informado da condenação e afastamento dos padres, Oldeir José Galdino e Maurílio Alves Rodrigues, após graves denúncias de abusos sexuais - feitas há três anos, cometidos contra um ex-seminarista entre os anos de 2002 e 2003, quando ainda adolescente. O desfecho do processo foi confirmado por uma carta emitida pelo Tribunal Interdiocesano de Botucatu-SP, datada de 18 de março de 2024.
O vigário judicial, padre Carlos Roberto Santana da Silva, mostra na cara, que comunicou ao bispo diocesano de Assis, dom Argemiro de Azevedo, a notificação conclusiva dos processos, os quais foram transitados e julgados. Consequentemente, os réus, os padres Oldeir e Maurílio, foram demitidos do estado clerical, e os processos, considerados conclusivos e arquivados.
O ex-seminarista, que desde o início das acusações preferiu não se identificar publicamente, procurou a reportagem à época das denúncias para relatar seu drama e sofrimento. Hoje, ele se manifestou novamente, expressando sua sensação de vitória e libertação com a carta recebida. "Depois de muitos anos, sinto-me finalmente livre. Retirei um peso absurdamente grande dos ombros", afirmou.
A condenação
Os padres Oldeir José Galdino e Maurílio Alves Rodrigues foram condenados pelo Vaticano por estupro e abuso sexual, crimes que teriam sido cometidos contra o ex-seminarista durante seu período de formação religiosa As denúncias foram feitas pela vítima, hoje na faixa dos 40 anos de idade anos. Ele é casado, servidor público e diz que decidiu denunciar o caso depois de anos de medo, vergonha, tentativas de suicídio, perda dos sonhos acalentados, depressão, muitas sessões de terapia e medicamentos, e, principalmente, ser apoiado pela esposa para evitar que outros jovens passem pelo que passou.
Padre Oldeir, que era pároco da Catedral de Assis, e atuava em Pedrinhas Paulista, é acusado pelo ex-seminarista de violência sexual em 2002, quando o denunciante tinha 16 anos. Em formação para carreira religiosa, o adolescente teria passado a noite na casa paroquial, recebido convite para dormir no quarto do padre, em uma noite de muito calor, uma vez que no cômodo havia ar condicionado. Ele relata que dormia, quando acordou já sendo abusado.
Já o padre Maurilio, segundo a acusação, teria sido procurado como orientador espiritual, após o caso em que o padre Oldeir foi acusado, e usado a aproximação com jovem para iniciar um relacionamento abusivo em que o denunciante disse se considerar um brinquedo sexual. Afirma o ex-seminarista, que não foi um relacionamento consentido, mas sim conduzido.
As denuncias de abusos sexuais praticados contra o ex-seminarista, quando tinha 16/17 anos de idade, foram consideradas relevantes para Roma, que enviou à Diocese de Assis o pedido de continuidade das investigações que acusam os dois padres. Juntamente com os documentos, protocolados, o ex-seminarista anexou ao processo áudios de conversas com eles, através do qual, um dos religiosos insiste em um encontro pessoal para uma solução que denomina “gesto concreto”.
Afastamento
Em 31 de maio de 2022, a Diocese de Assis publicou documentos que determinavam o afastamento dos padres, Oldeir José Galdino e Maurílio Alves Rodrigues, denunciados pelo ex-seminarista por abusos sexuais que teriam sido cometidos entre 2002 e 2003.
Os decretos foram assinados pelo bispo diocesano, Dom Argemiro de Azevedo e pelo chanceler da Cúria, padre Alan da cruz Joaquim. Os decretos foram editados no dia anterior e publicados, como "Medida Cautelar".
O procedimento instaurado serviu para investigar as denúncias feitas em 2021, quando os documentos chegaram até o Vaticano e retornaram ao bispado, com a solicitação do prosseguimento das investigações, por a Igreja considerar que havia fortes indícios para tanto.
Tentativas
Como anteriormente, a reportagem tentou falar, hoje, com o padre Maurílio, através de ligação telefônica, mas por duas vezes a chamada caiu na caixa postal. O mesmo ocorreu com relação ao padre Oldeir .
O Portal Abordagem Notícias está à disposição de ambos religiosos para que possam publicar, a qualquer momento, suas versões sobre o fato e exercerem seus direitos de defesa.
Matérias anteriores sobre o caso
Fonte: redação
Participe do nosso grupo do WhatsApp!
Fique informado em tempo real sobre as principais notícias de Assis e região
Clique aqui para entrar no grupo